Título: Alfabetizado vê mais problema no ensino público
Autor: Cafardo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/12/2007, Vida&, p. A25

Estudo mostra que, quanto mais escolarizado, pior é a avaliação da qualidade feita pelo entrevistado

Pesquisa realizada pelo Ibope e pelo Movimento Todos pela Educação mostra que quanto mais alfabetizado mais o brasileiro vê problemas na educação pública. Entre os que lêem e escrevem plenamente e também dominam conceitos matemáticos, 17% dizem que o ensino básico público é bom ou ótimo. Entre os analfabetos, esse índice chega a 42%.

¿Esse grupo que nunca teve acesso à educação fica satisfeito só em ver que há vaga na escola, merenda, transporte¿, diz a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz. A pesquisa, que questiona a população brasileira sobre o ensino infantil, fundamental e médio, havia sido feita também no ano passado e teve resultados gerais semelhantes.

O diferencial deste ano foi a junção dos questionários ao Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), feito pelo Instituto Paulo Montenegro, do Ibope. O Inaf separa a capacidade funcional em leitura e em matemática da população em quatro níveis: analfabetos, alfabetismo rudimentar (o chamado analfabeto funcional), alfabetismo básico e alfabetismo pleno.

Neste ano, pela primeira vez também, as provas aplicadas a 2 mil pessoas juntaram questões de português e matemática - antes eram separadas e resultavam em dois indicadores diferentes.

A avaliação da educação básica pública piora conforme os níveis aumentam. Entre os que têm alfabetização rudimentar, 21% a consideram ruim ou péssima. O índice sobe para 27% entre os alfabetizados de nível básico e para 36% entre os de alfabetização plena. ¿É uma questão de expectativa¿, diz a educadora da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello. ¿Quanto mais aprende mais exigente e mais crítica a pessoa se torna¿, completa.

PROBLEMAS BRASILEIROS

A pesquisa ainda questionou quais os maiores problemas brasileiros. A preocupação com a educação básica também muda conforme o nível de alfabetização. Os analfabetos indicaram como maior problema do País o emprego, seguido das áreas da saúde, segurança pública, drogas, fome/miséria e salários. A educação aparece como a sétima preocupação para o grupo.

Já entre os plenamente alfabetizados, o ensino fica em quarto lugar. Perde apenas para saúde, corrupção e segurança. ¿Quem é menos escolarizado pensa na sobrevivência primeiro, por isso se importa com emprego, saúde. Mais escolarizados podem pensar em qualidade de vida e se preocupar com educação e cultura¿, diz Silvia.

Uma última pergunta foi sobre o que motiva os professores a exercer a profissão. O salário foi a resposta mais dada por todos os níveis de alfabetização, sendo indicada por um número maior de pessoas com pouca alfabetização. A resposta ¿ver que os alunos estão aprendendo¿ foi maior entre os de alfabetização básica e plena.

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