Título: À polícia, Roriz afirma que não cometeu crime
Autor: Mendes, Vannildo., Sampaio, Dida
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2007, Nacional, p. A13

Ex-senador diz que discussão sobre partilha de R$ 2,2 milhões era `negócio particular¿

Flagrado em conversa telefônica discutindo a partilha de R$ 2,2 milhões, o ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) afirmou ontem, em depoimento à Polícia Civil de Brasília, que não cometeu nenhum crime, porque estava tratando apenas de um negócio particular. O Ministério Público e a polícia, porém, estudam seu indiciamento por corrupção passiva e peculato. Ele renunciou ao mandato em julho para escapar de processo de cassação no Senado.

Na conversa, Roriz discutia com o então presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Moura, a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões do empresário Nenê Constantino, principal acionista da companhia aérea Gol. O grampo foi feito com autorização judicial, no âmbito da Operação Aquarela, da Polícia Civil, que desmantelou uma quadrilha acusada de desviar R$ 50 milhões do banco. Moura foi preso como principal operador do esquema.

¿O que aconteceu foi uma negociação de cunho empresarial, não tem nada com questão pública¿, disse Roriz após o depoimento, que durou cinco horas. Ele não respondeu à maioria das perguntas e se limitou a repetir o argumento usado na defesa no Senado, de que do cheque só retirou R$ 300 mil para compra de uma bezerra e para ajudar um parente doente, tendo devolvido o restante a Nenê.

O empresário também depôs ontem e confirmou a versão de Roriz. Ele provocou tumulto ao chegar à Delegacia de Combate ao Crime Organizado, quando agrediu o fotógrafo Alan Marques, da Folha de S. Paulo, e tentou atingi-lo com uma pedrada.

Roriz disse ser inocente e ter renunciado ao mandato por se sentir angustiado. E acha que foi prejudicado porque o caso coincidiu com as denúncias contra o presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Os depoimentos dos dois não foram divulgado porque o caso está sob segredo de justiça. Na próxima semana devem depor mais nove acusados, entre eles o ex-presidente do BRB.