Título: Advogados da Positivo analisam aquisição
Autor: Cruz, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2007, Economia, p. B8

Empresa quer ter certeza de que compra de fábrica da Waytec não causará problemas

A Positivo Informática, maior fabricante de computadores do País, acredita que a Operação Persona não influirá na compra da fábrica de monitores de tela de cristal líquido (LCD, na sigla em inglês) da Waytec, instalada em Ilhéus (BA), mas não descarta cancelá-la. ¿Estamos falando com nossos advogados e, se por algum motivo o caso puder vir a nos afetar, temos como cancelar o negócio¿, disse Lucas Guimarães, vice-presidente de Finanças da Positivo. A Waytec é uma das empresas que foi alvo da ação da Polícia Federal na terça-feira.

¿Não estamos comprando a Waytec¿, explicou Guimarães. ¿Estamos comprando uma empresa nova, com os ativos da fábrica de LCD. Fizemos uma diligência legal enorme, principalmente para identificar passivos trabalhistas, mas fiscais também.¿ A Waytec continuou como fabricante de telas sensíveis ao toque e de telas especiais e seus acionistas se comprometeram a investir os R$ 8,1 milhões da Positivo, pagos pela fábrica, na empresa.

¿Existem garantias em imóveis e dos sócios da Waytec à aquisição¿, afirmou Guimarães, para afastar a possibilidade de qualquer passivo da Waytec ser repassado à Positivo. ¿Nós nos calçamos de todos os lados. Ainda assim, não fomos tão a fundo a ponto de prever que aconteceria uma coisa como essa.¿ O executivo disse ter ficado ¿surpreso como todo o mercado¿ com a Operação Persona.

A Waytec divulgou um comunicado, dizendo que está pronta para colaborar e que já forneceu à Receita Federal todas as informações solicitadas. ¿Por último, estamos procurando entender o que ocorreu, pois sempre fizemos nossas importações dentro da legalidade e desconhecemos até agora qualquer problema¿, informou o comunicado da Waytec.

MERCADO

O Brasil corresponde a cerca de 1% do faturamento da Cisco Systems, que, no ano fiscal encerrado em julho, somou US$ 34,9 bilhões. O diretor de Pesquisas e Análises da consultoria IDC Brasil, Mauro Peres, não acredita que a Operação Persona terá um efeito grave na oferta de roteadores e switches, os dos principais equipamentos vendidos pela Cisco Systems.

¿Existem outras empresas que trabalham com a Cisco, além da Mude¿, disse Peres. Ele acredita que o problema deve ficar circunscrito a companhias que já tenham colocado pedidos na Mude, alvo da operação da Polícia Federal, e que ainda não receberam os equipamentos.

O diretor da IDC afirmou que, como resultado da operação, pode levar um pouco mais de tempo para liberar equipamentos na alfândega. ¿O mercado das operadoras de telecomunicações, responsável por quase 50% da demanda, pode receber algum impacto da intervenção na Mude, mas o mercado corporativo tem outras vias¿, disse Peres.