Título: BNDES pode dar R$ 1,25 bilhão para reforçar o capital da Oi
Autor: Teixeira, Michelly e Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2007, Negócios, p. B16

Dinheiro do banco seria usado para alongar dívida contraída para viabilizar operação de recompra de ações

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se comprometeu a reforçar o capital da Telemar Participações, controladora da operadora de telecomunicações Oi, com R$ 1,25 bilhão. A informação foi divulgada ontem por Fábio Schvartsman, diretor de relações com investidores da Telemar. Ele acrescentou que a capitalização só será feita 'se necessário', como forma de viabilizar o alongamento da dívida da empresa. O banco estatal, que tem 25% da companhia, preferiu não comentar o assunto.

A Telemar anunciou na semana passada ter conseguido um empréstimo de R$ 12,7 bilhões para recomprar suas ações preferenciais. Segundo Schvartsman, a crise que se instalou no mercado financeiro 'dificultou bastante' a contratação do empréstimo e, sem o compromisso do BNDES, provavelmente o grupo não teria conseguido conduzir a operação.

Segundo Schvartsman, os demais sócios do grupo Oi não irão colocar capital novo na companhia. 'A única previsão de capital novo é do BNDES, cujo aporte está sendo feito apenas para ajudar a operação a ser bem-sucedida.' O diretor da Telemar destacou que a oferta de R$ 45 por ação preferencial é 'definitiva' e não será mais alterada.

Se conseguir convencer ao menos dois terços dos preferencialistas a venderem seus papéis, a Telemar terá de resolver a questão do endividamento. 'Uma vez bem-sucedido o leilão, vamos fazer todo o possível para alongar o prazo da dívida', afirmou Schvartsman, dizendo que o plano vale tanto para os créditos contratados no Brasil quanto no exterior. A oferta de compra está marcada para 11 de outubro.

Para quitar o empréstimo, a empresa vai vender ações no mercado. 'Obviamente, isso vai depender das condições do mercado', disse Schvartsman. De acordo com ele, o fato de o BNDES ter garantido recursos livra a empresa de se submeter a 'pressões, prazos curtos ou momentos inadequados' para vender as ações. 'Esperaremos o momento adequado para fazer a oferta pública.'

O diretor da Telemar deixou claro ontem que não fará uma reestruturação societária antes da oferta pública de ações. Schvartsman negou que a oferta tenha por objetivo dar liquidez aos controladores, destacando que a operação visa unicamente à reestruturação da companhia. Ele disse que o montante da oferta de ações será definido no futuro e que os recursos do BNDES não balizam o tamanho da venda.

A afirmação de que a Telemar não fará uma reestruturação societária antes da oferta de ações derrubou as ações ordinárias da empresa, que fecharam com perda de 5,94% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a R$ 60,20. Os papéis sem direito a voto subiram 1,23%, para R$ 41,10.

A analista Luciana Leocádio, da Ativa Corretora, disse que o mercado trabalhava com a hipótese de reestruturação da controladora logo após a oferta voluntária de compra dos papéis preferenciais. Os investidores esperavam que, retirando boa parte das ações sem direito a voto do mercado, os papéis seriam transferidos para a controladora, simplificando a estrutura societária do grupo. O discurso de ontem da Telemar, portanto, quebrou expectativas e trouxe incerteza aos minoritários.

Para analistas, a queda verificada ontem de 2,2% das ações ordinárias da Brasil Telecom Participações teve relação com as conversas em torno de uma reestruturação da Telemar. Há tempos fala-se do interesse do governo de promover mudanças na lei para permitir a união entre as duas concessionárias.

OFERTA DE COMPRA

Leilão: A Telemar Participações, controladora da Oi, anunciou que fará uma oferta de compra de ações preferenciais. Para isso, levantou um empréstimo que pode chegar a R$ 12,7 bilhões. O leilão está marcado para 11 de outubro

Turbulência: A crise de liquidez nos mercados internacionais dificultou a operação. O leilão de compra chegou a ser adiado três vezes, antes que a empresa conseguisse levantar o empréstimo necessário para a operação, com bancos nacionais e estrangeiros

Sócio: O BNDES tem 25% da Telemar e garantiu que irá capitalizar a empresa em R$ 1,25 bilhão, se necessário. O dinheiro seria usado para pagar parte da dívida e facilitar a negociação de um prazo maior para o restante