Título: Família na linha de montagem
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2007, Economia, p. B20

Pai e filho trabalham na produção da Kombi

Roberto tinha um mês de vida quando o pai, Carlos Roberto Ferreira, conseguiu emprego na Volkswagen, em 1989. Depois de trabalhar como motorista e segurança, candidatou-se a um posto na área de segurança. ¿Quando fui preencher a ficha, ofereceram vaga na linha de montagem da Kombi e eu aceitei¿, conta Ferreira, hoje com 46 anos. Há dois meses, Roberto, que completou 18 anos, também foi admitido para trabalhar na produção da perua. Sua principal tarefa é instalar cintos de segurança e tanques de combustível.

Na quarta-feira, ambos posaram juntos com os demais companheiros de linha de montagem para a foto histórica feita pela Volkswagen para comemorar os 50 anos de início da produção da Kombi. Foi a única homenagem da empresa pelo cinqüentenário. A linha da perua funciona em um turno, das 6h às 15h19.

¿Depois que começou a trabalhar aqui, meu filho vive dizendo que vai vender o Gol da família para comprar uma Kombi¿, diverte-se Ferreira.

Além da Alemanha, que encerrou a produção da Kombi no fim dos anos 70, o Brasil foi o único país a produzir a perua que, segundo a própria Volkswagen, ¿foi protagonista do movimento hippie nos anos 60, viveu os anos da ditadura e assistiu ao nascimento da democracia brasileira¿.

Embora seja um veículo de trabalho, a Kombi tem fãs no Brasil e em várias partes do mundo para onde foi exportada. Só o Brasil enviou mais 90 mil unidades para outros países. Atualmente, a Volks exporta cerca de 200 unidades ao ano para a Inglaterra, apenas para colecionadores, pois a perua não passaria nos testes de emissão e segurança da Europa.