Título: Demitidos pelo câmbio terão ajuda
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2007, Economia, p. B5

Calçadistas e funcionários da CNA afetados pelo dólar fraco receberão duas parcelas a mais de seguro-desemprego.

O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) aprovou ontem o pagamento de duas parcelas extras do seguro-desemprego aos trabalhadores da indústria calçadista que perderam o emprego entre 1º de julho de 2006 e 31 de maio deste ano, em todo o País. O setor é um dos mais prejudicados pelo câmbio. A medida deve beneficiar cerca de 85 mil trabalhadores, segundo o governo, principalmente nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará.

O mesmo benefício foi concedido aos trabalhadores demitidos do setor de álcalis, que produz barrilha (tipo de sal utilizado como matéria-prima pela indústria de vidro e detergentes), cuja única grande fábrica fica no Rio de Janeiro, berço político do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Nesse caso, as parcelas extras do seguro alcançarão apenas 583 pessoas que perderam o emprego entre 1º de dezembro do ano passado e 31 de maio deste ano.

'O setor calçadista tem sido afetado negativamente por uma conjunção de fatores, principalmente a taxa de câmbio que prejudica suas exportações e incentiva as importações de produtos concorrentes', disse o presidente do Codefat, Ezequiel Nascimento. Segundo ele, a extensão do benefício por mais dois meses é um apoio emergencial aos trabalhadores até que se recoloquem no mercado de trabalho.

O seguro-desemprego é pago durante 3 a 5 meses aos trabalhadores demitidos que tinham carteira assinada. O valor do benefício é definido sobre uma média dos salários dos últimos três anos de emprego.

Entre julho de 2006 e maio deste ano, 124 mil trabalhadores das fábricas calçadistas perderam seus empregos. O conselho estima que pelo menos 85 mil vão procurar as Delegacias Regionais do Trabalho para obter o benefício extra. O FAT terá de desembolsar R$ 78 milhões extras.

EX-ESTATAL

Já no caso do setor de álcalis, a Companhia Nacional de Álcalis (CNA) está em situação falimentar há um ano. Criada como estatal em 1943 e privatizada em 1992, a CNA passou à gestão dos empregados no início de 2004. As dificuldades se agravaram a partir do ano passado, com o início da queda do dólar e a opção dos clientes por adquirir o produto mais barato dos Estados Unidos, Argentina e China.

Dos 583 trabalhadores do setor que serão beneficiados com as duas parcelas extras do seguro-desemprego, 530 são do Rio. Segundo o Codefat, há ainda 53 ex-trabalhadores do setor em Pernambuco e São Paulo. O impacto financeiro para o FAT será de R$ 781 mil.