Título: 126 milhões escolhem hoje seu presidente
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2006, Especial, p. H1

O Brasil volta às urnas hoje para decidir em segundo turno quem governará o País nos próximos quatro anos, no 28º período presidencial desde a Proclamação da República. O Tribunal Superior Eleitoral espera totalizar o voto dos cerca de 126 milhões de eleitores até as 23 horas.

Luiz Inácio Lula da Silva, de 61 anos, tenta um segundo mandato depois de uma gestão marcada por denúncias de corrupção, crescimento modesto e ampliação de programas sociais. O ex-governador tucano Geraldo Alckmin, de 53 anos, enfrentou resistências à sua candidatura dentro de seu partido, usou a ética como principal bandeira de campanha e conseguiu levar a disputa para o segundo turno. Na etapa final, no entanto, passou boa parte do tempo na defensiva.

Pesquisas dão ampla vantagem a Lula. O petista tem 24 pontos de dianteira em levantamento do Ibope divulgado ontem - batia o tucano por 62% a 38%, considerando os votos válidos. Mantida a diferença na votação de hoje, Lula repetirá a vantagem obtida em 2002 sobre José Serra, então candidato tucano, vencido na urna por 61,2% a 38,7%.

A alta voltagem do embate entre os dois prosseguiu até o último momento. Ontem, Lula apontou 'desespero político' de seus adversários e disse que os tucanos encontraram uma 'laranja podre' para fazer o 'trabalho sujo' na reta final - uma referência ao fato de uma dirigente do PSDB de Pouso Alegre (MG) ter indicado à Polícia Federal testemunha que deu depoimento falso sobre a origem do dinheiro destinado a pagar pelo dossiê Vedoin. O presidente participou de caminhada em São Bernardo do Campo, seu berço político.

Alckmin fez campanha no Rio e disse acreditar em um resultado favorável. 'Sinto a onda da virada nas ruas', declarou. 'Precisamos corrigir muita coisa que está errada e é o povo que constrói o futuro.' Ao responder à acusação do presidente aos tucanos, o ex-governador voltou à ofensiva. 'Essa coisa da mentira do PT vai além do discurso, é uma prática deles', disse.

Apesar do clima de confronto, dirigentes nacionais de PSDB e PT descartam haver uma espécie de terceiro turno, com o partido derrotado questionando a legitimidade da vitória do adversário. Mas isso não significa o fim da tensão entre governo e oposição. Se Lula confirmar o favoritismo, enfrentará um Senado ainda mais oposicionista - o que vai dificultar a aprovação de projetos de interesse do governo.

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