Título: Em São Paulo, uma montanha reaproveitada por mês
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2006, Economia & Negócios, p. B12

Resíduos dos pneus viram compostos para pisos de quadras esportivas, asfalto e combustível

Uma montanha com 800 toneladas de produtos estocada no pátio da Utep - Unidade de Tratamento Ecológico de Resíduos de Pneus, em Guarulhos, na Grande São Paulo, é triturada mensalmente. Os resíduos viram compostos para pisos de quadras esportivas, asfalto e combustível para fornos de cimenteiras. Parte é exportada.

"Para nós, não falta matéria-prima", afirma Silvio Zambello, diretor e um dos sócios da Utep. Ele recebe pneus de carcaceiros e de prefeituras que recolhem o produto nas ruas. Criada há três anos, a empresa tem 21 funcionários e exporta cerca de 200 toneladas por mês de granulados e pó de borracha para a Inglaterra e o Peru.

Após a Resolução 258, publicada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) em 1999, que entrou em vigor em 2002, o número de empresas cadastradas para recolher e destruir pneus inservíveis passou de 4 para 43, informa Zilda Maria Veloso, técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)".

Um número desconhecido de empresas atua no mercado informal. O setor movimenta cadeia que envolve, além de fabricantes, revendedores, reformadores, borracheiros, sucateiros, picotadeiras e laminadores. No sistema de reciclagem, máquinas retiram os fios de aço dos radiais. Outro equipamento corta a borracha em pedaços e um terceiro transforma as peças em granulados de diferentes espessuras ou em pó.

Um dos fornecedores da Utep é o Comércio de Pneus Via Leste, da zona leste da capital paulista, que faz coleta nas ruas, entre borracheiros e transportadoras. "Alguns são recuperados e revendidos, outros vão direto para a reciclagem", afirma Ivo Francisco dos Anjos, no ramo há pelo menos 20 anos. Antes das empresas de reciclagem, o destino dos inservíveis eram aterros, lembra ele.

A CBL, recicladora de São Bernardo do Campo (SP), processa cerca de 48 mil toneladas de pneus por ano. Com o resíduo, produz solas e saltos de sapato, tubulação para águas pluviais, chips (pedaços) de pneus, granulado, cintas para sofás e placas de borracha.

A Borcol, fabricante de tapete automotivo, chegou a ter 4 milhões de pneus em seu pátio, em Sorocaba (SP). Após fiscalização, fez acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), que instalou no local uma máquina de picotar e o estoque passivo foi praticamente eliminado.