Título: Cresce a expectativa de vida do brasileiro e cai a mortalidade infantil
Autor: Robson Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2005, Vida&, p. A20

A expectativa média de vida do brasileiro nascido no ano passado subiu para 71,7 anos, o que representa um acréscimo de 4 meses e 24 dias em relação a 2003. Nos últimos 25 anos, o aumento foi de 9,1 anos, passando de 62,6 anos em 1980 para os atuais 71,7. No período, a média mensal avançou o equivalente a 5 meses por ano, conforme a Tábua de Vida 2004, documento divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa mostra também queda de 61,5%, nos últimos 25 anos, no número de mortes no primeiro ano de vida provocadas por diarréias, desnutrição ou péssimas condições. Em 2004, a média ficou em 26,6 mortes de crianças de até 1 ano por mil nascidos vivos. Em 1980, eram 69,1 óbitos.

Outro dado alarmante sobre os jovens, principalmente homens: o índice de 61,5% é duas vezes maior do que a redução do número de mortes por causas externas na faixa dos 15 aos 34 anos, com forte predominância de acidentes de trânsito e homicídios.

Os dados representam as informações mais atuais sobre o crescimento demográfico e a taxa de mortalidade da população, usadas pelo governo para o cálculo da aposentadoria e outras análises da política previdenciária.

Apesar do avanço quanto à expectativa de vida, os números encobrem um mar de desigualdades e desvendam a ausência de um planejamento público a longo prazo. Quase dez anos de vida separam crianças do mesmo sexo nascidas em 2004 no Distrito Federal, que lidera as estatísticas, com expectativa de vida de 74,6 anos, e em Alagoas, que ocupa o último lugar, com 65,5 anos. Se o recém-nascido de Brasília for uma menina e o alagoano for menino, a diferença em termos de expectativa de vida chega a 17 anos.

Mesmo assim, a diferença entre os opostos cai ano a ano, embora em ritmo mais lento do que seria o ideal. Em 1980, por exemplo, a diferença em termos de expectativa de vida entre o Rio Grande do Sul, o melhor colocado (com 67,8 anos) e, de novo, Alagoas, o último colocado também naquele ano, era de 12,1 anos. Significa, numa análise imparcial, que a expectativa do alagoano cresceu 9,8 anos no período 1980-2004, índice superior à média nacional (9,1 anos).

SUL E SUDESTE

No ranking por regiões, o Sul mantém a liderança na esperança de vida, com Santa Catarina e Rio Grande do Sul ocupando a 2ª e 3ª posições na relação por Estados. Na média, a expectativa na região ficou em 73,9 anos em 2004.

No Sudeste, com expectativa de vida de 73,2 anos, Minas (73,8 anos) e São Paulo (73,4 anos) tiveram os melhores desempenhos, cabendo ao Rio a pior colocação na região (72,1 anos) e a 11ª no ranking nacional.

Os números revelam ainda diferenças significativas quanto a sexo e idade. Em 1980, homens viviam em média 6,1 anos menos que mulheres. Em 2004, a diferença subiu para 7,6 anos, na média nacional, chegando a 9 anos no Rio (67,7 anos para eles e 76,7 anos para elas), a maior diferença detectada. Embora com diferenças menores, o fenômeno ocorre também em São Paulo, na 9ª colocação em esperança de vida para homens (69,2 anos) e 4ª melhor posição no ranking nacional para as mulheres (77,8 anos).

METAS

O Brasil precisará de "um esforço especial" para atingir as metas fixadas na Declaração do Milênio da ONU. Entre os objetivos gerais da resolução estão os de reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade de menores de 5 anos, por meio da diminuição do índice de mortalidade infantil e da proporção de crianças de 1 ano vacinadas contra o sarampo.

Pelas análises do IBGE, para cumprir a meta o Brasil terá de apresentar um índice de mortalidade infantil de 15,6 por grupo de mil nascidos vivos em 2015 (foi de 46,9 em 1990, 30,5 em 2000 e 26,6 em 2004) e de 19,9 para os óbitos de crianças até 5 anos (59,6 em 1990). As projeções, com base no desempenho dos últimos anos, apontam índices de 18,2 por mil nascidos vivos para as mortes no 1º ano de vida e 21,6 até os 5 anos.