Título: Campo de Marte com cara de aeroporto
Autor: Carla Miranda
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2005, Metrópole, p. C1

Depois de anos sem conforto aos passageiros, novo terminal ficará pronto no primeiro semestre de 2006

Em vez de um precário casarão de madeira, um novo terminal de dois andares, com conforto para as mais de 160 mil pessoas que circulam por lá durante o ano. Em alguns meses, o Campo de Marte, a pista de decolagens mais antiga da capital, vai finalmente ganhar cara de aeroporto. As obras de melhoria começaram em 2003 e estão sendo concluídas por etapas. Já foi finalizado, por exemplo, o edifício do Corpo de Bombeiros e, até o fim do mês, estará pronta a nova entrada para o aeroporto, na Avenida Olavo Fontoura, na zona norte. As obras no terminal vão acabar no primeiro semestre de 2006.

Só no terminal de passageiros, com 952 m² de área construída, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) está investindo R$ 1,6 milhão. Os gastos incluem a criação de um estacionamento ¿ até então não havia garagem na área de passageiros.

O primeiro andar do terminal abrigará as salas de espera e embarque, o auditório com capacidade para cem pessoas, balcão de informações e uma agência bancária. O local também servirá para controlar o acesso de passageiros, com equipamentos de raio X.

Ficarão nesse piso, ainda, os serviços de aviação civil, de proteção ao vôo e o setor de planejamento de vôos. Hoje, tudo isso funciona num precário casarão de madeira, que será demolido para dar lugar a mais dez vagas para aviões ou helicópteros.

O andar superior, que já está concluído, foi destinado à administração da Infraero. Do lado de fora do terminal, está sendo planejada a concessão de cafeteria ou lanchonete, além da instalação de quiosques bancários.

O objetivo das obras é dar mais conforto e segurança aos passageiros e modernizar o aeroporto, construído em 1920 e hoje o quinto em movimento de pouso e decolagem no País.

¿Queremos fazer um super-upgrade na infra-estrutura do Campo de Marte, que estava havia uns dez anos sem obras significativas¿, disse o superintendente da Infraero no aeroporto, Jaime Parreira. ¿As obras gerais incluem também mudanças nas redes hidráulica, elétrica, de esgoto e telefonia, além do recapeamento total.¿

As melhorias podem ajudar também a inverter uma tendência na queda de movimento registrada nos últimos anos, com a instalação de modernos helicentros: o Helicidade, no Jaguaré, na zona oeste, e o Helipark, em Carapicuíba, na Grande São Paulo.

Com a chegada dos concorrentes, o Campo de Marte viu seu movimento anual cair de 96 mil pousos e decolagens, em 2002, para 81.100 operações em 2004. ¿Já começamos a mudar isso e este ano deve ser melhor.

Perdemos um pouco da freqüência de helicópteros, responsáveis por 70% do nosso movimento, mas estamos registrando aumento da participação de aviões¿, diz Parreira. ¿Temos como vantagens nossa localização, as oficinas e toda a rede de serviços.¿

OPERAÇÃO URBANA

O Campo de Marte está incluído na Operação Urbana Carandiru-Vila Maria, divulgada na gestão de Marta Suplicy com o objetivo de atrair investimentos para a região. A equipe petista, no entanto, não enviou o projeto para aprovação na Câmara Municipal e agora a operação está [TEXTO]parada na Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (Sempla).

¿Nossa análise na época revelou um ambiente em parte degradado, com uma paisagem que hoje é árida e até inóspita¿, disse o coordenador da operação, o arquiteto da Prefeitura José Geraldo Martins de Oliveira.

¿Mas a região tem grande potencial, com infra-estrutura desenvolvida e grandes equipamentos urbanos, como o Anhembi e o sambódromo.¿

Pelo projeto, o aeroporto continuaria existindo, mas passaria mesmo por uma reformulação. ¿Melhorar a estrutura e tirar a característica de uso tão restrito¿, diz Oliveira. ¿Ele pode desempenhar papel mais vital para melhorar a região como um todo.¿

No entanto, a operação urbana foi deixada em compasso de espera. A Sempla informa que ela está nos plano do órgão, mas ainda não tem data definida para ser posta em prática. Segundo a secretaria, o foco neste momento são as Operações Urbanas Água Espraiada e Vila Sônia.