Título: Brasil fará ofensiva para atrair turistas árabes
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2005, Economia, p. B10

O governo quer tornar o Brasil mais conhecido nos países da Liga Árabe e, com isso, atrair para cá mais turistas daquela região. Aproveitando o clima da Cúpula Árabe/Latino Americana, que se realizará em Brasília no início de maio, o Ministério do Turismo prepara uma ampla divulgação de roteiros e produtos turísticos brasileiros naqueles países. O projeto é aproveitar o início dos vôos diários de Dubai, nos Emirados Árabes, para São Paulo - que começarão a operar no final do ano pela empresa Emirates Airlines - para incentivar negócios turísticos com o Oriente Médio. Somente com um vôo diário, estima-se a entrada anual no País de até 100 mil turistas vindos não só dos países árabes, mas também dos asiáticos. Segundo a Embratur, em 2004, viajaram ao Brasil apenas 29,4 mil turistas do Oriente Médio.

"Falta à eles (árabes) informações mais detalhadas sobre o Brasil para verem que aqui tem muito mais que carnaval e futebol", diz o assessor do Ministério do Turismo Sidney Alves Costa, encarregado de coordenar as ações da pasta para o projeto. Depois da reunião da Cúpula, em que também estão previstas negociações sobre incentivo ao turismo, o Brasil participará de uma feira de turismo, Arabian Travel Market (ATM), na cidade de Dubai.

Será montado um estande para apresentação de variados roteiros e produtos turísticos - que vão desde trilhas de ecoturismo, pesca, praias, até turismo de negócios ou de saúde - e para realizar rodadas de negócios e fóruns de discussões com os empresários árabes do turismo. "Nosso objetivo é, a partir daí, identificar o que a população de lá prefere conhecer aqui e profissionalizar nossas ações", conta Costa. O governo, frisa ele, agirá apenas com um indutor dos negócios privados.

A idéia é que depois dessa feira, no segundo semestre de 2005, as operadoras de turismo dos países árabes visitem os roteiros brasileiros selecionados dentro de um programa, coordenado pela Embratur, chamado "Caravanas Brasil". Assim, o governo espera que os empresários árabes e brasileiros estejam prontos para oferecer pacotes turísticos a partir do fim do ano e início de 2006, coincidindo com o início das operações da companhia aérea árabe. A empresa já obteve a autorização para realizar até dois vôos diários por ano entre Dubai e São Paulo, mas começará operando um a partir do final de 2005.

Paralelamente, já se discute com os empresários do setor hoteleiro e de restaurantes um programa de qualificação, com a elaboração de um manual com orientações sobre a cultura árabe, para uma boa recepção desses turistas. "Não só queremos que eles venham, mas também que voltem", comenta Costa.

ARGENTINA

Por causa da longa distância que percorrem os turistas árabes para chegar ao Brasil - entre Dubai e São Paulo, o vôo levará em média 14 horas e meia - a proposta é vender pacotes turísticos que incluam também roteiros turísticos argentinos. "A porta de entrada é o Brasil, mas, ao praticamente atravessar o planeta, esse turista quer incentivos para permanecer mais tempo e ter mais locais disponíveis para visitar", destaca Costa. O governo argentino também participará com o Brasil da feira em Dubai, no mês de maio, para divulgar seus produtos.

Apesar de a comunidade árabe e seus descendentes no País representar quase 7% da população brasileira, ainda é pequena a relação comercial entre o Brasil e a região. Os dados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) mostram que as exportações do Brasil para os países da Liga Árabe em 2004 somaram apenas US$ 4,13 bilhões, cerca de 5% dos US$ 96,4 bilhões em vendas externas brasileiras. O País também está ainda muito longe da enorme cifra de importações que fazem esses países: cerca de US$ 1 trilhão por ano.

A inauguração da nova rota aérea também é vista como estratégica pelo governo brasileiro para atrair ao Brasil turistas dos países asiáticos.

Em novembro do ano passado, quando uma missão chinesa veio ao Brasil, o País recebeu o status de Destino Aprovado, condição para a venda de pacotes turísticos brasileiros na China, mas a pouca oferta de vôos era apontada por analistas como um problema ao aumento das visitas chinesas.