Título: Aliados de Berlusconi rejeitam plano de reforma
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2005, Internacional, p. A13

A proposta do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, para contornar os efeitos danosos da derrota do governo nas eleições regionais dos dias 3 e 4, foi considerada insuficiente por seus parceiros no Parlamento. Berlusconi propôs uma simples reforma ministerial para recompor as forças de sua coalizão. O primeiro-ministro se reuniu ontem com os líderes dos partidos aliados. "Foram quatro horas de tensão", definiu um porta-voz da ultradireitista Aliança Nacional (AN), cujos membros não escondem o desejo de ver Gianfranco Fini, seu chefe e atual chanceler, no cargo de primeiro-ministro.

"Pedimos a Berlusconi que submeta o governo a um voto de confiança no Parlamento", afirmou Fini. "Se ele quer mudar o Ministério que o faça, mas antes deve apresentar ao Parlamento um novo plano de governo e submetê-lo a votação", acrescentou.

A União Democrata-Cristã (UDC) foi mais longe. Seu líder, Marco Folli, pediu a Berlusconi mudança radical na forma de governar. E ameaçou retirar seus ministros do gabinete. "Amanhã (hoje), vamos decidir isso", disse ele.

Apenas a separatista Liga do Norte, de Umberto Bossi, manifestou apoio integral ao líder italiano.

Mas o chefe do governo não vai renunciar nem convocar eleições e fará valer sua liderança, forçando seus aliados a assumirem suas responsabilidades com o país, avisou Alfredo Biondi, porta-voz da Força Itália (partido de Berlusconi).

'ENCENAÇÃO'

A oposição de centro-esquerda definiu o encontro de "encenação de desesperados". E classificou o anúncio de Berlusconi de vender uma pequena parte de seu império das comunicações (16%) de plano para distrair o eleitorado. Segundo dirigentes opositores, o verdadeiro objetivo de Berlusconi com a venda é arrecadar recursos para poder realizar novos investimentos no setor.