Título: 300 ocupam Incra no Pará e servidor é agredido
Autor: Carlos Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2005, Nacional, p. A4

Irritados com a demora do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em promover o assentamento de famílias sem-terra em três municípios da região nordeste do Pará, cerca de 300 agricultores invadiram e ocuparam ontem a sede do órgão em Belém. Eles impediram a saída dos funcionários do prédio, houve confusão e até tiros para o alto, disparados por um segurança do Incra. Um funcionário, que tentava sair de carro, foi agredido a socos por um sem-terra. De acordo com assessores do Incra, os trabalhadores chegaram na noite de quarta-feira e montaram acampamento em frente à sede. Eles tinham uma reunião marcada para a manhã de ontem com o superintendente Inocêncio Renato Gasparim. Sem explicações, a reunião foi transferida para 15h. Aí a invasão do prédio começou.

Aos gritos, os agricultores determinaram que ninguém iria entrar ou sair da sede. Houve bate-boca e empurrões entre servidores e sem-terra. Com os ânimos mais calmos, a direção do Incra resolveu começar a reunião que havia sido adiada.

Os invasores entregaram uma carta de reivindicações ao superintendente adjunto, Rodson Souza, exigindo, entre outras coisas, a liberação de verbas para a agricultura, melhoria das estradas e desapropriação de terras nos municípios de Acará, Concórdia do Pará, Moju e Tomé-Açu. A direção do Incra prometeu estudar os pedidos, obtendo a promessa dos agricultores de que eles desocupariam a sede ainda ontem.

Segundo líderes da manifestação, alguns deles dissidentes do MST, o que mais preocupa os trabalhadores é a situação das fazendas Itabaiúna Tucuruvi, em Tomé-Açu, e Yamada, em Moju. Eles alegam que o processo de desapropriação dessas fazendas se arrasta há mais de dez anos no Incra, enquanto centenas de famílias vivem acampadas na beira de estradas da região. O Incra informou que está acompanhando os processos de desapropriação nas duas fazendas.