Título: Mesmo antes da redução, empresas já importavam
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2005, economia, p. B5

Antes mesmo de o governo determinar a redução a zero das alíquotas de importação do aço, algumas empresas brasileiras já recorriam ao mercado externo para contornar os aumentos de preços repassados pelas siderúrgicas nacionais. A Sandretto do Brasil começou a importar aços especiais da Itália há 60 dias. Segundo Hugo Camisotti, diretor comercial, a empresa compra de fornecedores italianos cerca de 15% das necessidades de aço. Apesar do euro valorizado, frete e tarifas, entre outras despesas, o produto sai 15% mais barato que o aço especial brasileiro. A Sandretto, de capital 100% italiano, produz no Brasil máquinas para fabricantes de automóveis, eletroeletrônicos, brinquedos, embalagens. A medida anunciada pelo governo vai incentivar a busca de alternativas a outros tipos de aço no exterior, diz. "Vamos aguardar a lista de produtos cujas tarifas serão zeradas. Se acharmos preço mais competitivo lá fora, vamos importar".

Segundo ele, a empresa pretende reavaliar os custos, para reduzir preços para ganhar competitividade no mercado externo. "Queremos exportar mais para compensar as importações." Hoje, as vendas externas respondem por 20% do faturamento da subsidiária brasileira, de R$ 80 milhões ao ano.

A Tramontina, fabricante de panelas, equipamentos e utilidades domésticas, importa 3 mil toneladas de aços especiais - ou 20% da necessidade - da França e Alemanha. E busca fornecedores de aço carbono na Rússia e Argentina. Segundo o presidente da empresa, Clóvis Tramontina, só o aço incluído em uma marreta no Brasil custa mais caro que o produto pronto vindo da China.