Título: 20% dos recém-nascidos têm mãe entre 15 e 19 anos
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2005, Vida &, p. A13

Um em cada cinco bebês que nascem no Brasil é filho de mãe de 15 a 19 anos. A taxa vem se mantendo estável há anos e é motivo de preocupação, segundo especialistas do IBGE, porque os filhos de mulheres muito jovens são mais vulneráveis a nascimentos prematuros e, nos casos mais graves, à morte no primeiro mês de vida. "Um dos grandes riscos da gravidez precoce é a mortalidade neonatal dos bebês, além da mortalidade das mães. Este indicador de que 20% dos bebês nascem de mães adolescentes deve servir de base para uma política de conscientização dos jovens que está faltando no País", diz a coordenadora da Síntese, Ana Lúcia Sabóia.

"As mães muito jovens tendem a ter filhos precoces porque ainda têm imaturidade hormonal e não são adultas completas. Muitas vezes, têm a bacia mais estreita, provocando um esforço muito grande dos bebês na hora do parto", diz o médico José Carvalho de Noronha, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Bebês malformados, com pulmões muito frágeis, também são comuns nesses casos.

Em todo o Norte e Nordeste, a proporção de nascimentos de filhos de mães jovens é maior que a média nacional de 20%. No Sul e no Sudeste, é sempre menor. O menor percentual está no Distrito Federal: 16,1%. "Os Estados mais pobres têm as maiores proporções, o que mostra a necessidade de envidar esforços para diminuir esses índices", diz Noronha.

Com exceção dos casos de gravidez precoce, as demais mortes de bebês antes de 1 mês de vida são decorrentes de doenças congênitas e problemas que independem de programas de governo ou de maior acesso a água e saneamento. O Brasil, que tem avançado muito na redução da mortalidade até 1 ano, vai aos poucos diminuindo as mortes após 1 mês de vida. A meta é que a mortalidade infantil fique reduzida a causas que escapam da capacidade das políticas públicas.

"A mortalidade infantil ligada a aspectos socioeconômicos e ambientais está caindo e, em conseqüência, aumenta a proporção de mortes por aspectos congênitos. O fenômeno se observa nos países que reduziram a mortalidade", diz o coordenador de População de Indicadores Sociais do IBGE, Luiz Antônio Pinto de Oliveira.