Título: O desafio da qualificação
Autor: Lupi, Carlos
Fonte: Jornal do Brasil, 24/08/2008, Economia, p. E3

MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO

O Brasil ganhou recentemente um novo plano industrial, que prevê investimentos superiores a R$ 20 bilhões em setores estratégicos. Somem-se a isso os recursos privados e já temos o seguinte efeito: nos sete primeiros meses de 2008 foram gerados 1,56 milhão de empregos com a carteira de trabalhado assinada. Esses dados são referentes ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego.

Isso representa o recorde histórico da estatística, realizada desde 1992 e corresponde a um crescimento de 27,9% em relação ao primeiro semestre de 2007 ¿ onde foi registrado, até então, a maior marca da história na geração de empregos formais. A política econômica acertada do governo, e especialmente o aumento do salário mínimo nos últimos cinco anos ¿ cresceu 27% acima da inflação ¿ fez com que a base da sociedade tivesse um crescimento no poder de compra, aumentando a demanda interna e aquecendo como nunca a indústria brasileira.

Belo problema

Números tão positivos acabam criando um "belo" problema para o Brasil: a falta de qualificação. Há mais de um ano, quando assumi a pasta do Trabalho, venho enfatizando que o crescimento recorde da economia brasileira iria esbarrar no gargalo da falta de preparo do trabalhador brasileiro para ocupar essas novas vagas que surgem a cada mês.

Um exemplo disso é a área da construção civil. Este ano, já foram geradas mais de 230 mil novas vagas no setor. Em alguma das maiores cidades brasileiras, faltam desde de engenheiros até pedreiros. Diante deste quadro, o Ministério do Trabalho e Emprego, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social criou a primeira porta de saída do programa Bolsa Família: a qualificação de seus beneficiários, visando, principalmente, a disponibilizar mão-de-obra capacitada para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Serão mais de R$ 150 milhões investidos, neste primeiro momento, beneficiando até 190 mil trabalhadores.

Esta medida mostra a sensibilidade do Governo Lula nesta questão. O orçamento do Ministério do Trabalho e Emprego para qualificação profissional, para fins de comparação, saltou de algo em torno de R$ 200 milhões em 2007 para R$ 800 milhões neste ano. A capacitação profissional, de fato, passou a fazer parte da pauta trabalhista no Brasil.

Para resolver a questão da falta de qualificação, foi fechada em julho uma parceira com o chamado Sistema S e os Ministérios da Educação e Trabalho e Emprego, onde as estruturas dos Serviços Nacionais de Aprendizagens Comercial e Industrial, Senac e Senai, respectivamente, colocarão, a partir de 2009 vagas gratuitas em seus sistemas para complementar a política da qualificação profissional.

O termo de compromisso assinado prevê que, até 2014, ambos terão que destinar 66% de sua receita líquida em ofertas de vagas gratuitas. Além disso, um terço dos recursos destinados a serviços sociais pelo Sesi e Sesc deve ser aplicado em atividades de educação. Esta é a maior prova de que governo e empresários estão caminhando juntos na busca de soluções imediatas para aproveitar a boa fase do mercado brasileiro.

A qualificação, além de entrar de vez na pauta de discussões da sociedade brasileira, apresenta-se como a grande responsável pela emancipação do povo: é com educação profissional que o trabalhador poderá conquistar sua vaga no mercado. Este é o compromisso do Ministério do Trabalho a Emprego.