Título: Complicações no transporte causam perdas no agronegócio
Autor: Costa, Gabriel
Fonte: Jornal do Brasil, 10/08/2008, Economia, p. E1

Mesmo que a magnitude do desperdício de alimentos chegue a assustar, as perdas financeiras causadas por deficiências operacionais são ainda mais preocupantes, avisa Luiz Antônio Fayet, consultor de assuntos de logística e estrutura do CNA.

¿ É impressionante ver o milho caindo do caminhão na estrada, mas para cada 3% de perdas físicas, nós temos 30%, talvez até 40% de perdas logísticas, que não são visíveis ¿ disse Fayet, que ressalta a desorganização do sistema portuário como um dos grandes problemas para o agronegócio no país.

Em 2007, a demanda da exportação pelo Porto do Itaqui, no Maranhão, era de 5 milhões de toneladas. No entanto, a capacidade do porto é de 2 milhões de toneladas, o que obrigou o transporte dos 3 milhões excedentes até os congestionados portos do Sul e Sudeste. Resultado: a cara logística derrubou os preços pagos ao produtor.

Já o Porto de Paranaguá, no Paraná, que em 2001 se tornou o principal escoadouro do agronegócio, enfrenta diversos problemas desde 2003. A ampliação do cais oeste, para onde estavam destinados R$ 180 milhões do governo federal, foi sustada, e os serviços de dragagem estão parados, com crescentes restrições à navegação determinadas pela Capitania dos Portos do Paraná, por razões de segurança.

As complicações operacionais custam em média R$ 500 milhões ao governo federal só para subsídios de fretes.

¿ Nós já tivemos casos de navios que precisaram esperar até dois meses para poderem sair do porto, por complicações operacionais. Se considerarmos que as embarcações chegam a cobrar 60 mil dólares por dia de frete, e estão operando com uma capacidade reduzida de 50 mil toneladas pela falta de drenagem do porto, temos uma noção do problema. Uma fila de 20 navios esperando equivale a mil quilômetros de caminhões esperando ¿ compara o consultor de assuntos de logística e estrutura do CNA.