Título: PMDB ensaia acordo para adiar prévias
Autor: Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 10/03/2006, País, p. A5

A manutenção da verticalização pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) engrossou o coro, no PMDB, pelo adiamento das prévias que escolherão o candidato do partido à Presidência, marcadas para o dia 19. Interessados na liberdade para celebrar alianças nos estados, integrantes das alas governista e oposicionista costuram acordo para que as prévias sejam adiadas até a derradeira decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a verticalização. Hoje, o presidente do partido, Michel Temer, se encontrará com os dois pré-candidatos Anthony Garotinho e Germano Rigotto para discutir o assunto. Apesar de, hoje, a maioria do partido convergir para um entendimento que resulte no adiamento das prévias, a dificuldade é saber como anunciá-lo ¿sem ferir suscetibilidades¿, segundo definição ontem de um peemedebista. A intenção é não deixar transparecer que um dos lados foi derrotado numa queda-de-braço que se arrasta desde o início do ano. O partido sairia, nesse caso, íntegro do processo, sem expor novas fissuras em ano eleitoral.

¿ A prévia está morta. O problema é que agora ninguém quer assinar o atestado de óbito ¿ disse ontem um integrante da cúpula do partido com trânsito nas duas alas.

Caso o consenso não seja possível, os defensores da tese de jogar as prévias para depois da definição do Supremo partirão para o chamado plano B: recolher as assinaturas necessárias (um terço da executiva do partido) para convocar, na próxima semana, reunião da Executiva destinada a discutir o assunto. Durante o encontro, tentariam aprovar ¿ por maioria simples ¿ o adiamento. Os principais fiadores do acordo em negociação são o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), e o deputado Geddel Vieira Lima (BA). Ontem, os peemedebistas passaram o dia em reuniões. Coube a Geddel levar a proposta ao presidente do partido, Michel Temer (PMDB-SP), e aos deputados Moreira Franco (RJ), Eliseu Padilha (RS) e Paulo Afonso (SC). Estes, em princípio, eram contra o adiamento.

Geddel teria aderido à conveniência da proposta de adiamento depois de se convencer de que, com a verticalização ¿ e no caso de candidatura própria do partido ao Planalto ¿ ele sairia perdendo na disputa estadual, onde ensaia aliança com o ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner (PT).

Como o PMDB tem pelo menos 15 candidatos a governos estaduais em condições de vencer as eleições. É o caso, por exemplo, do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que pretende apoiar o seu vice, Mendonça Filho (PFL), ao governo. E do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), interessado numa aliança com o também pefelista, senador José Agripino (RN).