Título: Câmeras vão vigiar 22 regiões do Rio
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2004, Rio, p. A13

Associações de moradores da Zona Sul se mobilizam para pedir mais policiais nas ruas, em vez de policiamento eletrônico

Para coibir as ações de bandidos, o secretário interino de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, anunciou que serão instaladas câmeras de vídeo nos 22 batalhões da região metropolitana. Os quartéis do Rio, Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo vão ser equipados com 10 câmeras em cada unidade. As associações de moradores da Zona Sul, no entanto, não têm mais confiança no sistema de monitoramento. As 20 câmeras instaladas em Copacabana e no Leblon são consideradas ineficazes. Nas últimas semanas, a vigilância eletrônica não impediu os casos de ataques a turistas. - Elas (as câmeras) funcionam para inglês ver. É um paliativo. Falta estrutura e o que vemos é um jogo de cena - critica o procurador da República Federal no Rio Maurício Andreiuolo.

Para o presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, as câmeras são um instrumento a mais na política de segurança, mas pouco eficiente se não funcionarem com pronta resposta nos casos de violência.

- Nada adianta se as câmeras não funcionam para impedir possíveis delitos. Caso contrário, não passam de desperdício de dinheiro público - pondera Magalhães.

Segundo Magalhães, os moradores do bairro sugeriram recentemente ao Estado a utilização das câmeras da CET-Rio como apoio ao monitoramento, implantado em agosto do ano passado.

- Alegaram que questões burocráticas inviabilizariam a parceira - diz Magalhães.

A presidente da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema, Glória Roland, acredita que os equipamentos não estão sendo úteis devido à falta de policiamento ostensivo.

- Não basta monitoramento se o número de policiais é insuficiente - critica Glória.

O presidente da Associação de Moradores do Leblon, João Fontes, faz coro com as reclamações dos moradores do bairro.

- É como enxugar gelo. As câmeras não adiantam se o policiamento ostensivo não for permanente - adverte Fontes, lembrando que o policiamento fica concentrado na orla deixando vulnerável outras ruas do bairro.

Ema Fonseca, presidente da Câmara Comunitária de Copacabana, alerta para possíveis falhas na instalação do equipamento.

- É uma pena. A sensação de medo voltou a Copacabana. A câmera, se for bem usada, pode contribuir para a segurança - observa Ema.

Segundo Ângelo Vivacqua, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), as autoridades de segurança alegam encontrar dificuldades para instalar o equipamento em Ipanema.

- O número de hotéis é insuficiente, mas o problema poderia ser resolvido com a instalação nos postes do bairro, como já acontece com a CET-Rio - sugere Vivacqua.

Para evitar a ação dos menores infratores, a ABIH sugere que os hotéis instalem, com recursos próprios, duas câmeras na portaria.

- A idéia do uso da câmera é espetacular, mas elas precisam funcionar - comenta Vivacqua.

No Rio, apenas três batalhões contam com o sistema de vigilância eletrônica: são 14 em Copacabana, seis no Leblon e 12 na Ilha do Governador. O sistema de monitoramento funciona junto com uma central de controle nos batalhões. Do quartel, os policiais recebem as imagens e acionam as patrulhas. Segundo o diretor-geral do Departamento de Telecomunicações e Informática da Secretaria de Segurança Pública, almirante Oscar Moreira da Silva, o Estado planeja instalar as câmeras nos 22 batalhões da região metropolitana até o fim do ano que vem.

- Serão projetos integrados. Haverá uma descentralização do 190 para os batalhões. Um call-center será instalado na Central do Brasil, o que agilizará os atendimentos. O monitoramento por câmeras vai atuar na prevenção - acredita o almirante.

Segundo Silva, a viabilização do projeto ocorrerá através de parcerias com a rede privada. O edital para a concorrência pública deverá ser publicado até dezembro.

- A empresa que financiar o projeto será beneficiada com isenção do ICMS - explica o almirante.