Título: População do DF duplica em 25 anos
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 18/12/2005, Brasília, p. D1

A população do Distrito Federal e entorno vai dobrar nos próximos 25 anos. A estimativa é de pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais (Neur) do Departamento de Estatísticas da Universidade de Brasília (UnB). Em 2030 o DF terá, conforme o estudo, 3,3 milhões de habitantes e o Entorno, 1 milhão. Ao todo, serão 4,3 milhões de pessoas na região do DF e no anel formado pelas cidades de Valparaízo, Cidade Ocidental, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas e Planaltina. - É interessante a gente pensar hoje para que tenhamos o necessário para enfrentar os desafios do futuro - analisa a professora Ana Maria Nogales, coordenadora da pesquisa.

Para realizar o estudo, a equipe da UnB se dividiu em duas. Uma estudou o aspecto demográfico - estrutura e perfil da população - e a outra se dedicou à analise dos cenários da população, ou seja, como ela deve se distribuir no espaço territorial.

De acordo com Ana Maria, as avaliações foram baseadas em três componentes: taxa de fecundidade, mortalidade e migração.

Os pesquisadores trabalharam com a hipótese de queda da fecundidade para o futuro. A tendência é identificada hoje, sendo mais forte no DF que no entorno.

- Para elaborar a previsão trabalhamos com as características do DF e da região próxima. Goiás, por exemplo, tem uma das taxas de fecundidade mais baixas do Brasil - explica Ana Maria.

A estimativa feita com relação à taxa de mortalidade foi de leve queda, levando em consideração que a média é baixa no DF atualmente. Segundo a professora, contou-se com uma mortalidade entre jovens, ocasionada pelo aumento da violência, e aumento da longevidade.

A equipe estimou queda na taxa de migração para o DF e o entorno. De acordo com Ana Maria, a região deve chegar a 2030 praticamente sem migração.

- A previsão considera o cenário plausível. Pode ser que saia gente do DF, mas isso a gente não previu porque não é a tendência atual - argumentou a professora.

Utilidade - O estudo realizado pela UnB traça um perfil da população do futuro do DF. Para a professora, o conhecimento é importante para que a população não pense apenas na solução dos problemas de hoje, mas no futuro dos filhos e netos da geração atual.

A maioria da população, conforme os dados, deverá morar fora do Plano Piloto. Cerca de 10% deve viver nas asas Sul e Norte. A parte Sul da cidade será a mais habitada, com destaque para o eixo que interliga Guará, Águas Claras, Taguatinga, Vicente Pires, Ceilândia, Samambaia, Brazlândia e Águas Lindas de Goiás. A segunda zona mais habitada deverá englobar Gama, Novo Gama, Santa Maria, Cidade Ocidental e Valparaízo.

Ana Maria alerta para a importância de se integrar essas regiões mais populosas ao Plano Piloto. De acordo com a pesquisadora, é necessário proporcionar à população dessas áreas qualidade de vida semelhante à dos habitantes de Brasília.

- Não vamos levantar muros como em outros países. Temos de integrar - analisa Ana Maria.

A professora defende a redução das diferenças sociais entre as cidades do DF como a melhor forma de promover a integração na região.

- É preciso trabalhar o DF não como uma ilha, mas como área integrada ao entorno. É preciso ultrapassar os limites geográficos porque o que acontece nas cidades próximas afeta a qualidade de vida em Brasília - avalia.