Título: Amparo à economia
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/12/2005, Opiniao, p. A10

Merece enfáticos aplausos a conduta responsável da oposição, ao viabilizar o adiamento de uma eventual convocação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para prestar depoimento à CPI dos Bingos. Mérito, em especial, para os senadores tucanos Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM) - que optaram por não exigir publicamente que o ministro cumprisse a promessa de falar na CPI. O acerto entre o PSDB, o PFL e o Palácio do Planalto é justificável. Submeter o principal comandante da economia a intermináveis horas de depoimento não é apenas contraproducente, mas questionável do ponto de vista das investigações. Afinal, Palocci iria depor, já, numa comissão cujas suspeitas sobre a gestão em Ribeirão Preto são incipientes.

O mais grave, contudo, é o peso do depoimento sobre a economia. Os riscos são inevitáveis, sobretudo para um período naturalmente turbulento. Estamos, afinal, na antevéspera da sucessão presidencial. Os argumentos formulados pelos defensores do adiamento são bastante sólidos: uma ida agora à CPI significaria uma preocupante perda de autoridade do chefe da Fazenda, uma vez que o ministro enfrenta críticas pela queda de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano. Sem esquecer os freqüentes ataques promovidos por integrantes do governo.

Com tamanho arsenal, não há economia que sobreviva. A decisão da CPI, insista-se, está longe de configurar proteção ao ministro. Antes, ampara o país de choques desnecessários.