Título: Lixo no Lago
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2005, Brasília, p. D2

O mutirão de limpeza do Lago Paranoá está conseguindo o resultado incrível de remover, por dia, média superior a 30 toneladas de lixo. Constitui, assim, uma demonstração do grau de degradação a que vem sendo submetida uma das principais marcas de Brasília. A terra e o lixo que se acumulam nas margens acabam diminuindo o espelho d'água do lago. Segundo dados da Secretaria do Meio Ambiente, a Semarh, nos últimos 40 anos a superfície do lago encolheu 2,3 km², o correspondente a 213 campos de futebol. Tudo tragado pela poluição.

A causa é simples. Com o processo de urbanização, o lixo acaba sendo varrido para o lago, causando esses sérios transtornos para o meio ambiente. Uma vez que as cidades do Distrito Federal estão acima da cota do lago, seu lixo é totalmente varrido para as águas do Paranoá.

Não se trata de um simples problema de esgoto, no momento. O Distrito Federal, como se sabe, é a unidade da Federação que apresenta maior índice de tratamento e coleta de esgoto, aproximando-se dos 100%. A dificuldade, aí, reside em ligações clandestinas. Elas continuam existindo, algumas nas casas que margeiam o próprio lago, mas muitas em ocupações às margens dos afluentes, às vezes em áreas afastadas do centro de Brasília.

O problema maior está no lixo mesmo. Fala-se no desleixo e despreparo de moradores, aqueles que jogam papel no chão ou abandonam latas de cerveja ao lado do carro. Claro isso ajuda. Mas quem vê o lixo retirado do lago percebe que a origem da porcaria é outra. O que se retira do lago é entulho, pneus velhos, restos de material de construção, vegetação arrancada. Em outras palavras, lixo em larga escala, daquele que precisa ser transportado por caminhão ou carroça.

Trata-se de caso de polícia. E de algo que poderia ser prevenido por um patrulhamento eficaz.