Título: Deputado comprova que propina foi semanal
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 28/10/2005, País, p. A2

O ex-deputado Valdemar Costa Neto não conseguiu esconder seu desconforto atrás do bronzeado quando Delúbio Soares e Marcos Valério diziam não serem os proprietários da Guaranhuns. O uso da empresa laranja no mensalão ficou claro quando o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) mostrou um balanço dos depósitos da SMP&B na conta da Guaranhuns. Somados, eram exatos R$ 500 mil por semana, que depois caíram para R$ 300 mil semanais.

¿ Não era mensalão, era `semanão¿. A periodicidade mostra que não era dinheiro para campanhas ¿ afirmou Redecker.

Oposição e governo travaram um debate no Plenário. Até o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) perdeu a calma e tentou partir para cima do deputado João Corrêa (PMDB-AC), que interferiu nas perguntas do colega.

Delúbio Soares revelou que o deputado e ex-ministro Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi quem ¿designou¿ o deputado José Borba (PMDB-PR), um dos que receberam o mensalão. O ex-tesoureiro do PT titubeou ao dizer que não autorizou repasse de dinheiro para Roberto Marques, ex-assessor do deputado José Dirceu.

Mesmo sem ter certeza dos valores repassados para os partidos, a CPI sabe de uma coisa: ninguém reclamou da falta de repasses de dinheiro. A confirmação foi feita por Delúbio, respondendo a um questionamento da deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), que quis saber se alguém se queixou com o ex-tesoureiro petista por não ter recebido o pagamento.

¿ A relação se dava em confiança e a outra parte nunca reclamou ¿ confirmou o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.