Valor Econômico, v. 20, n. 4962, 18/03/2020. Finanças, p. C2

Bancos reforçam linhas contra crise
Talita Moreira
 Flávia Furlan
 Adriana Cotias
 Estevão Taiar


Os bancos adotaram ontem medidas em diversas frentes para oferecer crédito a clientes e movimentar os negócios durante a crise do coronavírus.

O Santander ampliará em 10% o limite dos cartões de crédito dos clientes que estiverem em dia com o pagamento das faturas. Não é necessário ser correntista. A medida permite “jogar para a frente o pagamento de algumas despesas, o que pode fazer a diferença para quem já teve o orçamento afetado pelas mudanças na conjuntura econômica”, afirmou em nota o presidente do banco, Sergio Rial. O banco vai ainda adiantar para abril o pagamento da totalidade do 13º salário aos 47 mil funcionários.

Voltado ao atendimento de empresas e private banking, o Safra criou uma linha emergencial, com juros de 0,99% ao mês, para quem tem investimentos na casa. O objetivo é dar liquidez aos clientes em meio à queda generalizada de ativos. “Sabemos que muitos investidores optam por resgatar seus investimentos antes do momento ideal por necessidade de liquidez”, disse Tiago Scrivano, responsável pela unidade de pessoa física.

As instituições regionais também começaram a se movimentar. O Banco do Nordeste adotou novas condições de crédito. Controlado pelo governo federal, o BNB vai oferecer capital de giro com até seis meses de carência. A expectativa é que o volume chegue a R$ 1,5 bilhão entre abril e setembro. No crédito rural, com prioridade para o custeio, serão liberados R$ 4,4 bilhões.

O Banco de Brasília (BRB) anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em linhas de capital de giro para todas as empresas, independentemente do setor e porte, segundo o presidente, Paulo Henrique Costa. A taxa será de 0,8% ao mês, com seis meses de carência e até 36 meses para quitar o empréstimo.

No Banco do Brasil e na Caixa, que já haviam anunciado reforço em suas linhas de capital de giro, o dia foi de ressaltar para os clientes a possibilidade de atendimento remoto (via internet banking, aplicativos, telefones e redes sociais). As agências físicas continuarão funcionando normalmente, mas as mensagens vieram com o objetivo de divulgar os canais digitais num momento em que tende a haver preferência da população e dos próprios funcionários por serviços não presenciais.

Os bancos também ressaltaram a comunicação do acordo firmado e anunciado na véspera pela Febraban, que permite adiar o pagamento de parcelas de crédito a pessoas físicas, micro e pequenas empresas em até 60 dias. O Itaú Unibanco publicou anúncio em jornais divulgando a medida.

Em nota, o Bradesco destacou que as medidas adotadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que facilitam a renegociação de dívidas e dão folga de capital aos bancos, vieram em boa hora. “Queremos contribuir de modo efetivo para que a economia brasileira recupere rapidamente sua funcionalidade e retome a trajetória de crescimento”, disse o presidente, Octavio de Lazari Jr.