Valor Econômico, v. 20, n. 4960, 14/03/2020. Política, p. A6

Atitude é condenada por Alcolumbre, OAB e oposicionistas



A participação do presidente Jair Bolsonaro em manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, desrespeitando orientações da equipe médica e o protocolo do Ministério da Saúde, gerou repercussão imediata. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em nota enviada à imprensa, disse que “é inconsequente estimular a aglomeração de pessoas nas ruas”. Segundo Alcolumbre, “a gravidade da pandemia exige de todos os brasileiros, e inclusive do presidente da República, responsabilidade! Todos nós devemos seguir à risca as orientações do Ministério da Saúde”. O parlamentar do DEM criticou os responsáveis por convocar manifestantes para participarem de atos contra os Poderes. “Convidar para ato contra os Poderes é confrontar a Democracia”, afirmou Alcolumbre.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, disse em nota que o presidente “dolosamente aumenta o risco de um pico de contágio pelo coronavirus, em um momento de união e prudência, em que todas as instituições estão se reunindo para suspender eventos”, segundo registrou o portal Uol.

Rivais de Bolsonaro na disputa presidencial de 2018 foram particularmente duros. O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), pelas redes sociais, chamou o presidente de “canalha irresponsável” que “estimula seus fanáticos a se aglomerarem e aumentar o risco para eles e para todos”.

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que disputou contra Bolsonaro o segundo turno na eleição, também criticou o presidente pelas redes sociais. “ Hoje a democracia brasileira sofreu um duro ataque. O próprio presidente, entusiasmado com os apelos pelo fechamento do regime, desconsiderou as recomendações das autoridades sanitárias para celebrá-lo. Se não é caso de impeachment, é de interdição”.

Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, o ministro da Saúde afirmou que a orientação dada para que pessoas não participem de aglomerações vale para todos, mas ressalvou que trata-se de simples orientação. “É igual quando eu coloco no cigarro- o Ministério da Saúde faz o quê? Ele adverte: causa câncer. Mas eu não determino a proibição. Como quando o médico fala pra você: ‘tem que fazer caminhada, não pode comer gordura’”.