O Estado de S. Paulo, n. 46709, 05/09/2021. Metrópole, p. A16

Caminhos para a Amazonia, floresta de todos

Pablo Pereira


Um exemplo. A cooperativa de 172 pequenos e médios produtores rurais de Tomé-Açu explora os recursos naturais locais
Enquanto a devastação da Amazônia alcança números recordes ano após ano, acumulando 813 mil quilômetros quadrados até 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cresce também a busca por soluções para evitar uma tragédia ecológica sem volta na maior floresta tropical do mundo, informa Pablo Pereira. Estão em curso iniciativas da sociedade civil, pesquisas e parcerias, que vão do turismo sustentável à exploração de produtos da floresta ou a criação de gado com lucro e sem prejuízo ao meio ambiente. O ponto de virada para reduzir de vez o desmatamento e aumentar a renda é possível, diz o superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virgilio Viana, mas custa caro. Ele calcula a necessidade de investimentos "na casa" dos R$ 10 bilhões, para serem usados em um plano de prosperidade verde e de valorização das populações indígenas e ribeirinhas. "Mas falta vontade política dos governos", afirma.

Em um cenário de devastação ambiental da Amazônia, têm surgido ações que mostram que é possível salvar a maior floresta tropical do mundo e ainda lucrar com isso. São iniciativas que servem como inspiração para o presente e o futuro da Amazônia, mesmo diante das adversidades. Até 2020, a destruição acumulada na Amazônia Legal foi de 813 mil km², segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com o número de focos de fogo chegando a 130 mil no ano passado. Os efeitos da devastação aparecem no amplo estudo Fatos da Amazônia, publicado no site Amazônia 2030, plataforma que reúne documentos sobre a crise ambiental. As pesquisas mostram a destruição em dois macroambientes: o bioma Amazônia e Amazônia Legal. Segundo o trabalho dos pesquisadores Daniel Santos, do Centro de Empreendedorismo da Amazônia; Rodney Salomão, consultor; e Adalberto Veríssimo, pesquisador associado do Imazon, a PanAmazônia tem área de 7,8 milhões de metros quadrados que abrange nove países, com população estimada em 38 milhões. O tamanho da crise ambiental e os impactos provocados pela devastação na região são gigantescos, mas florescem na sociedade civil brasileira entidades que lutam pela preservação do verde e têm ações em busca de soluções para evitar uma tragédia ecológica sem volta. Mesmo enfrentando resistências legais, pressão crescente por desmate e cortes no volume de recursos públicos, há iniciativas solidárias, pesquisas e parcerias apontando o rumo da recuperação do ecossistema. Entre os bons exemplos estão cooperativas, ribeirinhos que captam e utilizam energia solar, ecoturismo e novas técnicas de produção que mostram como produzir mais carne sem grilagem. Veja mais detalhes nessa reportagem especial.