Título: Bancário começa a sofrer desconto de dias parados
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2004, Economia, p. A22

Negociações com bancos privados acabam em novo impasse

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) orientou os bancos associados a descontar cinco dias dos salários de outubro dos funcionários. O desconto refere-se aos dias parados durante a greve nacional da categoria, que durou de 15 de setembro a 14 de outubro. A compensação dos demais dias parados seria objeto de negociação. Segundo o negociador salarial da Fenaban, Magnus Apostólico, os primeiros funcionários a sentir o desconto seriam os do Unibanco e da Nossa Caixa. Bradesco e Itaú pagam até amanhã. - Orientamos o desconto. Se todos os bancos vão cumprir a orientação, não sabemos - afirmou Apostólico.

Bradesco, Itaú, Nossa Caixa e Unibanco ainda não informaram se vão descontar os cinco dias. Na semana passada, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou a greve dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e determinou que nenhum dos 30 dias parados fosse descontado. Pela decisão, os bancos arcariam com o pagamento de 50% desses dias e os bancários com o restante. Só que esses 50% seriam pagos por meio de hora extra. Como o BB e a Caixa já haviam feito o desconto de cinco dias, o dinheiro teria de ser devolvido aos trabalhadores. O BB já devolveu o montante na semana passada. A Caixa, segundo a Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), fará a devolução no dia 1º.

Ontem, fracassou a tentativa de acordo entre a CNB-CUT e a Fenaban que marcou a retomada das negociações entre patrões e empregados do setor privado, interrompidas desde o dia 21 de setembro. Após a reunião, que durou cerca de duas horas, o presidente da CNB-CUT, Vagner Freitas, acusou a Fenaban de ''intransigência''.

- Tivemos uma negociação dura, com estresse e desentendimento. A Fenaban manteve sua postura intransigente.

Já o negociador salarial da Fenaban, Magnus Apostólico, disse que os bancários foram ''desrespeitosos''.

- O clima ficou ruim. Vamos suspender (a negociação) para ver se os ânimos se acalmam. A CNB fez um discurso indevido, acusando a Fenaban de ser intransigente. Foi uma situação desrespeitosa.