Título: Adubo na hora certa
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 01/07/2005, Opinião, p. A10

A equipe econômica do governo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiram sublinhados pela sensatez ao atender a reivindicações de produtores rurais. Afinal, o adubo financeiro de R$ 4 bilhões está longe de ser uma capitulação às pressões dos 20 mil agricultores instalados em 3 mil tratores na Esplanada dos Ministérios. Antes, significa uma resposta adequada para um setor de extrema importância para a economia, mas imerso em perspectivas inquietantes de quebra de safra num futuro breve. Com os recursos autorizados pelo Palácio do Planalto, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador, os produtores rurais poderão pagar dívidas de cultivos afetados pela seca e pela queda de preço - especialmente do arroz, do milho e da soja. Com a ampliação do crédito, portanto, será possível amenizar os efeitos da perda de renda do setor. Bom para os agricultores, ótimo para a agricultura, excelente para o Brasil.

O governo sabe da relevância estratégica da agricultura. Daí têm surgido grande parte dos bons resultados das exportações brasileiras - especialmente da revolução trazida pelo agronegócio. Este campo é responsável por sucessivos avanços e triunfos que ultrapassam as fronteiras nacionais. Da agricultura, afinal, vêm os resultados mais consistentes da política comercial obtidos nas últimas duas décadas. Os números são eloqüentes. Basta saber que a participação brasileira no mercado externo de alimentos subiu de 6,7% para 21,4% nos últimos 10 anos.

Além de divisas, geram-se aí muitos empregos, sedimentando uma função social ameaçada pela quadra preocupante verificada este ano. Enquanto os preços internacionais de soja, milho e algodão estão em baixa, os custos de produção estão em alta. À perda de competitividade acrescentem-se as dívidas decorrentes da seca. Uma enfática ação seria, portanto, mais do que necessária. Fracasso na agricultura pode significar um fracasso das exportações, do crescimento e do emprego. Uma ameaça a ser extirpada.