Título: Fonteles livra Lula de investigação sobre mesada
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 22/06/2005, País, p. A4

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Claudio Fonteles livrou o presidente Lula da investigação, aberta na última quinta-feira para apurar as denúncias formuladas pelo deputado Roberto Jefferson sobre o pagamento de ''mensalão''. Limitou-se ontem a dizer que já recebeu quatro respostas das ''pessoas mencionadas'' nas entrevistas do ex-presidente do PTB, uma delas do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Segundo Fonteles, cercado pela imprensa depois da solenidade de instalação do Conselho Nacional do Ministério Público, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está entre as pessoas que receberam os ofícios, ''até por que foi excluído dessas denúncias pelo próprio Roberto Jefferson''.

O chefe do Ministério Público também não quis adiantar se pretende promover acareações entre o deputado e algumas das pessoas por ele mencionadas em suas entrevistas.

- Estou investigando, como chefe do Ministério Público, e não há portanto necessidade de inquérito. Se eu tiver convencimento positivo de alguma coisa, dependendo das respostas aos ofícios, tomarei as providências cabíveis - explicou rapidamente, procurando livrar-se do cerco dos jornalistas.

O prazo para as respostas aos ofícios enviados por Fonteles às ''pessoas mencionadas'' nas entrevistas de Jefferson - cujos nomes o procurador-geral não quis detalhar - termina na segunda-feira, dois dias antes do fim de seu mandato. Os desdobramentos da investigação ficarão por conta de seu sucessor, Antônio Fernando.

Ontem, foi instalado o Conselho Nacional do Ministério Público, em cerimônia presidida por Fonteles, que, num breve improviso de despedida, ressaltou que, ''da mesma forma que o Parlamento nunca pode ser fechado, o MP nunca pode ser calado''. O conselho vai exercer na instituição a mesma função fiscalizadora do Conselho Nacional de Justiça com relação à magistratura e tem 14 integrantes: o chefe do Ministério Público, sete procuradores e promotores, dois juízes, dois representantes da Ordem dos Advogados do Brasil e dois indicados, respectivamente, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado.