Título: Agricultura do DF terá R$ 50 milhões
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 21/06/2005, Brasília, p. D3

Com o cenário atual marcado pela seca avassaladora no Sul e a queda abrupta nos preços de produtos agropecuários no resto do País, a posição do Banco do Brasil de manter o volume de crédito para o agronegócio é um alívio para o empresariado do setor. O banco assinou ontem com a Federação da Agricultura e Pecuária do DF (Fape-DF) um protocolo para a liberação imediata de R$ 50 milhões, a serem divididos entre o BB Florestal - programa de recuperação de florestas - e a agricultura orgânica local. - Esse apoio é muito bem-vindo. Existe uma relação direta entre a disponibilidade de crédito e o crescimento. Em média, no Brasil, o valor disponível corresponde a 26% do PIB. No Chile, a proporção chega a 80%, e nos Estados Unidos a 140% - disse o presidente da Fape-DF, Renato Simplício.

Em todo o País, o agronegócio vem enfrentando anos difíceis. No DF, não é diferente. Conforme o presidente da sessão local da Emater, Wilmar Luis da Silva, a safra de 2003/2004 foi bastante deficitária.

- Perdemos 95% do feijão cultivado por causa do excesso de chuvas e 60% da soja, por doenças. Foi um ano atípico - informou.

Na última safra, de 2004/2005, a produtividade foi considerada boa. O problema, agora, é a queda no preço das colheitas causada pela desvalorização do dólar e pelo excesso de oferta no mercado mundial.

O cultivo de soja, por exemplo, produziu na última safra o dobro da colheita do ano anterior - cerca de 2.800 kg por hectare. O preço da saca do produto, no entanto, despencou de R$ 49 para R$ 23.

Apesar disso, o vice-presidente de Agronegócio e Governo do Banco do Brasil, Ricardo Alves da Conceição, se disse contente com o desempenho dos empresários distritais.

- A inadimplência é baixíssima no setor, a clientela é muito boa. Não vai ser por causa dessas dificuldades que vamos nos afastar ou restringir o crédito aos produtores do DF - garantiu o representante do Banco do Brasil.

Conceição explica que as atividades de restauração florestal e agricultura orgânica têm forte apelo ambiental e estão em franco crescimento - por isso são foco do crédito liberado ontem. O valor disponível para a agricultura convencional deve ser anunciado após a apresentação do plano de safra do setor para 2005/2006, o que deve ocorrer em 1º de julho.

- Liberamos R$ 412 milhões em 2003/2004 e, na última safra, passamos de R$ 630 milhões. Na próxima, chegaremos, no mínimo, a este valor - assegurou Conceição.

Censo rural - O presidente Renato Simplício delineou em números o considerável potencial agrícola a ser explorado no DF. O oitavo maior PIB do País, argumentou o produtor, deve ter uma expressão equivalente no agronegócio. São 421 mil hectares de área rural, dos quais 225 mil hectares são áreas cultiváveis. Agricultores e pecuaristas exploram, hoje, apenas 110 mil hectares.

Para ajudar na elaboração de estratégias mais precisas, a Federação realizou o primeiro censo rural da região. Simplício explicou que os dados existentes hoje são insuficientes e anunciou para daqui a dois meses a divulgação dos resultados da nova pesquisa.

Turismo - Presente ao evento, o secretário de Agricultura, Pedro Passos, se disse preocupado especificamente com um segmento do agronegócio - o turismo rural.

- Ano passado o setor foi intensamente prejudicado pelo pânico em relação à hantavirose. Nesta época do ano, quando o turismo rural atinge seu auge, trabalhemos para esclarecer a população a respeito dos riscos reais - afirmou Passos.