Título: ABN adere ao compartilhamento de caixas
Autor: Adriana Cotias
Fonte: Jornal do Brasil, 20/06/2005, Economia & Negócios, p. A17

SÃO PAULO - O ABN Amro Real pretende juntar-se ao projeto de compartilhamento de caixas de auto-atendimento (ATMs) empreendido por Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e que já ganhou adesão do Bradesco. Segundo o diretor de canais do banco, Edson Fregni, não há ainda uma definição sobre participar da estrutura societária da empresa que está sendo criada (a Bancos Integrados) ou fechar um contrato de prestação de serviço.

- Não é um processo simples nivelar um acordo entre empresas de portes diferentes - disse. - Do lado do ABN, há o maior interesse em compartilhar recursos técnicos, o que só beneficiará o cliente. Não creio que a vantagem competitiva da oferta isolada (mantendo uma rede própria) justifique os custos.

O tema do compartilhamento tem sido pontuado por avanços e retrocessos e há ainda muitos nós a serem desatados. Uma das pendências refere-se à política de preços e ao desconto por operação que será praticado de acordo com o volume de transações. Outra questão que vem sendo acompanhada de perto pelo ABN é o tamanho da fila tolerável pelo seu cliente que, possivelmente, não é o mesmo de um correntista do Bradesco ou Banco do Brasil.

De qualquer forma, Fregni espera que o projeto de compartilhamento esteja costurado até o fim do ano.

- É uma questão de tempo.

Para o executivo, o próprio mercado vai dizer se há espaço para a coexistência de mais de uma rede integrada. O ABN tem participação na Tecban, que administra o Banco 24Horas, e também já tem experiências de gestão conjunta com Bradesco e Banco do Brasil na Visa e Visanet.

O Itaú, conforme sinalizou o presidente Roberto Setubal, resiste. Depois de investir por anos numa malha de 21,3 mil terminais próprios, o banqueiro propõe um número limitado de ações nos caixas de auto-atendimento (saque e saldos) que serão o alvo da integração.

Para o vice-presidente de Tecnologia e Logística do BB, José Luiz de Cerqueira César, compartilhamento não significa nivelamento de oferta de serviços.

- É possível construir uma rede em que, após abrir a porta do quiosque, o terminal assuma a personalidade do banco em que o cliente tem conta e daí ter acesso a todos os serviços de que dispõe na sua agência. Há tecnologia para isso.

Os federais Besc, BNB e Basa devem ser os próximos a juntar-se ao sistema, que não se limitará ao compartilhamento de maquinário. Segundo Cerqueira César, a intenção é racionalizar custos também na reposição de numerário e manutenção de máquinas.

Na largada, BB e Caixa começaram a compartilhar 814 pontos externos. A expansão prevê alcançar mais 6,2 mil terminais do BB, 1,1 mil da Caixa, além das 9 mil lotéricas. A adesão do Bradesco adicionará cerca de 2 mil máquinas à rede.