O Estado de S. Paulo, n. 46621, 09/06/2021. Política, p. A8

Cassação de Flordelis avança na Câmara

Camila Turtelli


Dois anos após ser acusada de matar o marido, a deputada Flordelis (PSD-RJ) sofreu o primeiro revés na Câmara. Por 16 votos a favor e um contra, o Conselho de Ética aprovou ontem a cassação da parlamentar. O caso segue, agora, para o plenário da Casa, que dará a palavra final sobre a perda de mandato. Ela ainda pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A maioria do Conselho de Ética foi favorável ao parecer do relator, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), para quem Flordelis violou o Código de Ética e Decoro Parlamentar e se contradisse sobre fatos envolvendo o crime. “As provas coletadas tanto por esse colegiado quanto no curso do processo criminal são aptas a demonstrar que a representada tem um modo de vida inclinado para a prática de condutas não condizentes com aquilo que se espera de um representante do povo”, escreveu o relator. O único voto contra o parecer de Leite foi do deputado Márcio Labre (PSL-RJ).

Flordelis é acusada de ser a mandante do assassinato de seu marido, o pastor Anderson do Carmo, ocorrido em 16 de junho de 2019, na porta da casa onde os dois viviam com os filhos, em Niterói (RJ). O casal criou 55 filhos, a maioria adotada. A deputada é ré na Justiça e responde por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Flordelis não pode ser presa por causa da imunidade parlamentar e tem sido monitorada por tornozeleira eletrônica, desde o ano passado. Ela nega ser a mandante do crime. “Nunca tive participação alguma na morte do meu marido. A minha inocência será provada pelos meus advogados.” A defesa da deputada alega que a apuração foi “contraditória e espetaculosa”.