Título: Álcool do Brasil abastece Venezuela
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 01/06/2005, Economia e Negócios, p. A23

Petrobras exporta etanol em julho, de olho na Ásia A Petrobras dará início aos planos de se tornar uma grande exportadora global de álcool com um embarque de 25 mil metros cúbicos do produto à Venezuela. Além do país sul-americano, que receberá em julho essa primeira cota mensal, os embarques de etanol (álcool derivado de cana-de-açúcar) também contemplarão países como Japão, China e até Estados Unidos e União Européia. O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, revelou que a empresa estuda a possibilidade de enquadrar o programa de exportação no mercado de certificados de carbono, criado a partir da assinatura do Protocolo de Kyoto.

A cota de julho, ainda segundo o executivo da Petrobras, representa apenas um primeiro embarque para a Venezuela, que deverá receber novos carregamentos em agosto e nos meses subseqüentes. Embora Costa não tenha revelado as metas de exportação da empresa, fontes ligadas à estatal venezuelana Petroleos de Venezuela S.A (PDVSA), que comprará o álcool, estimam um potencial de mercado de 400 mil metros cúbicos por ano para o produto naquele país.

O governo venezuelano quer substituir o chumbo tetraetila, um produto danoso ao meio ambiente, pelo etanol. A intenção do governo é adicionar até 10% de álcool etanol na gasolina venezuelana, mas, em um primeiro momento, esse percentual se limitará a 3%.

Costa afirma, porém, que a maior parte das exportações se destinará para o Japão e a China, que também implantam programas de qualidade dos combustíveis. Nos dois países, revela, a Petrobras aguarda apenas definições como os percentuais de álcool a serem adicionados à gasolina local. Na China, o programa demandará a construção de um terminal para armazenar o produto. Os dois governos querem, no entanto, amarrar garantias aos contratos, por meio de multas que evitem, por exemplo, seu descumprimento. No caso do Japão, será preciso definir se as multas incidirão sobre os usineiros ou a Petrobras.