Título: Lula ressalta estratégia
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/05/2005, Internacional, p. A7

Antes de serem divulgadas as críticas atribuídas ao presidente Kirchner sobre a atuação externa brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou ontem a liderança do país na integração da América do Sul. Em seu programa quinzenal de rádio, ''Café com o Presidente'', ele destacou a importância desse processo para diminuir a dependência comercial do continente em relação à União Européia e aos Estados Unidos.

- O Brasil não abrirá mão de cumprir o seu papel nessa integração. Nós temos obrigação de criar condições para que esse crescimento não se dê apenas dentro do Brasil, mas para que ele se dê, sobretudo, nos países que fazem fronteira conosco - disse Lula. Segundo o presidente, somente a ação conjunta dos países sul-americanos possibilitará maior autonomia nas negociações com os grandes blocos econômicos.

Para o presidente, a consolidação dessa unidade teve como marco a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (CSN) - um dos pontos prioritários da agenda diplomática brasileira para a região - lançada em reunião de cúpula realizada em Cuzco, em dezembro no ano passado. O presidente argentino, Néstor Kirchner, faltou ao encontro que originou o organismo, dando o tom da oposição que seu país faz às iniciativas do Brasil em assumir a liderança regional.

O estreitamento de laços com parceiros comerciais menos tradicionais é outra estratégia defendida pelo Brasil para diminuir a dependência dos Estados Unidos e da União Européia. É nesse contexto que, este mês, Lula viaja à Coréia e ao Japão logo depois de receber, em Brasília, representantes de 33 nações árabes e da América do Sul. Ele atribui à ação conjunta do país com novos parceiros, com os quais compartilha interesses comuns, as recentes vitórias do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC).

- Ganhamos a ação da cana-de-açúcar com a União Européia porque nós adotamos o princípio de que a união faz a força e isso está permitindo que a gente tenha uma participação mais efetiva e muito mais forte nesse mundo globalizado - avaliou o presidente.