O Estado de S. Paulo, n. 46593, 12/05/2021. Economia & Negócios, p. B1

3 perguntas para...

Entrevista: André Braz, Coordenador do IPC do IBRE/FGV


1. Podemos dizer que o aumento dos preços de energia elétrica, combustível e alimentos acima da inflação é o grande vilão na renda do brasileiro?

O brasileiro tem vários vilões. Mas temos dois grupos em que esses itens têm repercussão diferente. Na baixa renda, os alimentos pesam mais. Quanto menor a renda, maior o impacto dos alimentos. Houve também a desvalorização do real e a pandemia que colocou mais gente dentro de casa, o que aumentou a demanda por comida e outros itens. Isso sustentou o preço. Os brasileiros mais pobres receberam uma inflação gigante. E a classe média alta aumentou sua poupança.

2. Os pobres foram duplamente afetados?

Sim, pois além de ter de conviver com altas de 35% como a da carne em 12 meses, que corroeram a renda, também perderam o emprego.

3. Como contornar essa situação?

Dando estabilidade para a retomada dos investimentos e, consequentemente, emprego e renda. Isso só ocorrerá com a aceleração da vacinação.