Correio Braziliense, n. 21131, 02/04/2021. Política, p. 3

Bolsonaro ataca PT na Defesa
Augusto Fernandes
Sarah Teófilo


Em meio à crise entre o governo e militares, após a demissão do general Fernando Azevedo do Ministério da Defesa e de todos os comandantes das Forças Armadas, o presidente negou que haja politização na área militar em live nas redes sociais ontem. A questão foi levantada após a demissão de Azevedo, apontando-se que a mudança promovida pelo presidente se deu por exigir um maior alinhamento político da pasta e das Forças, o que era rejeitado pelos fardados.

O ex-ministro, inclusive, pontuou no comunicado no qual anunciou a sua saída que preservou "as Forças Armadas como instituições de Estado". Após sua saída, foram demitidos os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

"Houve especulação enorme da mídia, 'está politizando, quer fazer isso, quer fazer aquilo'. Curiosidade: ambos são generais do último posto da carreira, de quatro estrelas. Vocês sabem que um militar da ativa não pode ser filiado a partido político? Agora, eu estou politizando ao colocar generais do último posto dentro da Defesa? Quem acha que sim, vou responder aqui", afirma Bolsonaro.

Em seguida, cita que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) colocou à frente da pasta, entre 2015 e 2016, o senador Jaques Wagner (PT-BA) e também Aldo Rebelo, que era do PCdoB. "Isso é politizar ou eu que estou politizando?", questionou, dizendo que quando "estava sendo aparelhado com gente do PT, (a imprensa) não falava nada".

O presidente elogiou o novo ministro, o general Braga Netto, que até então ocupava a chefia da Casa Civil. "Ele me conhecia, eu conhecia ele, só nós sabemos basicamente o motivo disso tudo, e morreu aqui essa história, não tem que se discutir nada, e (ele) foi para Defesa", pontuou.

Repasse de verba

O presidente Jair Bolsonaro criticou, mais uma vez, a atuação de governadores para tentar conter a pandemia da covid-19 e acusou os líderes estaduais de desviarem recursos fornecidos pelo Executivo a ações de enfrentamento à doença a fim de quitar débitos das suas gestões. "Dinheiro foi para estados e municípios, muito dinheiro, bilhões de reais, mas nós sabemos que muitos governadores e prefeitos usaram esses recursos para pagar folha atrasada, botar suas contas em dia, e não deram a devida atenção para a saúde no momento", afirmou o presidente.

O mandatário disse ainda que o governo federal sempre fez a sua parte no combate ao novo coronavírus e que responsabilizar a sua gestão pelas mortes causadas pela doença "não é nada mais, nada menos do que má fé". "Mortes, infelizmente, estão acontecendo. Mesmo que os governadores e prefeitos tivessem tomado as melhores medidas do mundo, nós saberíamos que as mortes ocorreriam", acrescentou.
Bolsonaro voltou a reclamar das medidas que restringem a atividade do comércio e a circulação de pessoas como forma de evitar a disseminação do vírus. Mesmo com unidades de terapia intensiva (UTIs) superlotadas, ele frisou que isso não é justificativa para lockdowns. "No meu entender, isso está equivocado", opinou Bolsonaro.

O presidente continuou as críticas ao apresentar reportagens de jornais da Argentina mostrando que a pobreza no país já afeta 19 milhões de pessoas em razão das medidas restritivas adotadas pelo governo local. "O Brasil está indo no mesmo caminho. Não sei o que se passa pela equipe de alguns governadores que mantêm essa política de fechar tudo", comentou.