O Estado de S. Paulo, n. 46564, 13/04/2021. Metrópole, p. A17

Henry sofreu 23 lesões antes de morrer

Caio Sartori


O laudo de necropsia produzido pelo Instituto Médico Legal (IML) mostra que o menino Henry, de 4 anos, sofreu 23 lesões na madrugada em que morreu. Presos acusados de matá-lo, o vereador carioca Dr. Jairinho (Solidariedade) e a mãe do menino, Monique Medeiros, carregaram o corpo da criança já morta às 4h09 do dia 8 de março, conforme mostra imagem do elevador do prédio obtida pelos investigadores.

Esse novo documento que dá base à investigação investigação afirma que as lesões foram cometidas entre 23h30 do dia 7 e 3h30 do dia 8, momento em que o casal diz ter encontrado o menino morto. Jairinho e a mãe de Henry teriam esperado 39 minutos antes de tomar a atitude de levá-lo ao hospital, de acordo com as informações do laudo de reprodução simulada.

A investigação descarta haver qualquer tipo de veracidade na versão do casal, que alegou que Henry teria sido vítima de uma queda da cama. Tendo como causa principal da morte as hemorragias internas, a criança foi alvo de "ações contundentes e diversos graus de energia”, que provocaram inclusive marcas e sangramentos na cabeça, lesões no rim e no pulmão e laceração no fígado.

Jairinho e Monique estão presos desde a semana passada. A medida é temporária e tem validade de 30 dias, mas a tendência é que a conclusão da investigação leve a uma prorrogação desse prazo ou a uma conversão em prisão preventiva, que não tem tempo fixo. Espera-se que o inquérito policial, já em estágio avançado, termine até o fim da desta semana ou no máximo ou no início da semana que vem e seja entregue ao promotor do Ministério Público responsável pelo caso, Marcos Kac.

A tendência, dado o grau de embasamento das apurações, é que Jairinho e Monique sejam denunciados pela morte de Henry. Ao comentar a prisão do casal, a polícia explicou que a tipificação usada naquele momento era o homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura. Jairinho e Monique também teriam coagido testemunhas - como a babá do menino, que omitiu conflitos no primeiro depoimento que deu aos investigadores.

A tendência é que Monique e Jairinho sejam denunciados pela morte do menino; a tipificação usada naquele momento era o homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura. Jairinho e Monique também teriam coagido testemunhas - como a babá do menino, que omitiu conflitos no primeiro depoimento e ontem deu outro, na 16ª DP.

Pouco antes disso, a mãe de Henry passou mal na cadeia e precisou ser levada ao Hospital Penitenciário Hamilton de Castro. No fim da tarde, ela teve alta e e voltou ao Instituto Penal Ismael Siriero, em Niterói.