O Estado de S. Paulo, n. 46926, 10/04/2022. Política, p. A8

Temer reitera defesa do semipresidencialismo: 'Sem trauma institucional'

Luiz Vassallo 
Davi  Medeiros 


O ex-presidente Michel Temer (MDB) defendeu ontem que o País realize reformas administrativa e tributária e pregou a mudança do sistema político para o semipresidencialismo. A declaração foi feita durante a 8ª edição da Brazil Conference, em Boston (EUA), evento apoiado pelas universidades Harvard e MIT. Realizada anualmente, a conferência tem parceria do Estadão, que faz a cobertura dos debates.

Segundo o emedebista, o modelo poderia trazer mais estabilidade ao País, que passou por dois processos de impeachment desde a Constituição de 1988, além de acumular 396 pedidos de afastamentos de presidentes ao longo de três décadas. "Não haverá trauma institucional. Você sabe que o governo só existirá enquanto houver maioria parlamentar. Segundo é que se não houver, cai o governo, e se instala uma outra maioria parlamentar que vai nascer com o novo tempo.

Sem os traumas institucionais do presidencialismo", disse.

Sobre o cenário eleitoral, Temer disse que a aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) "pode não ser boa" para o ex-governador. "Para o ex-presidente Lula, foi muito boa uma aliança com Alckmin, eu não sei se foi bom para o Alckmin, porque você sabe que vão estourar, como estão estourando, outros embates eleitorais que tiveram com palavras, digamos assim, bastante agressivas em relação aos candidatos", disse.

Terceira Via. Também sabatinado no evento, o ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro disse que nome segue à "disposição" ao ser questionado pela colunista do Estadão Eliane Cantanhêde sobre a viabilidade da terceira via em um cenário em partidos como o PSDB, e o União Brasil, de Moro, estão divididos. "Há uma necessidade de união do centro. Meu nome está à disposição. Quem decide sobre essa questão é o partido, especialmente, o presidente Luciano Bivar".

Representando a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Jaques Wagner (PT-BA) defendeu, também em sabatina, que o Estado tem de ter responsabilidade fiscal, mas não há qualquer preço. "Não precisamos estar no extremo, morra-se de fome porque não podemos sair um milímetro (da responsabilidade fiscal).