O Globo, n.31.623, 06/03/2020. País. p.06

Aliança só tem 7 mil assinaturas validadas no TSE
Victor Farias

 

O Aliança pelo Brasil, sigla em construção pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), está longe de conseguir o número mínimo de assinaturas necessárias para sua criação a tempo das eleições municipais deste ano. Faltando menos de um mês para o fim do prazo, o Aliança já teve mais apoiamentos negados do que aprovados —há casos até de assinaturas de eleitores mortos. O senador Flávio Bolsonaro (sem partido) já gravou um vídeo para informar aos correligionários que o partido não vai ficar pronto, informou o blog da jornalista Bela Megale.

Segundo Flávio, “há uma decisão política de que é melhor a formação do partido acontecer com bastante calma”. O principal problema enfrentado pelo Aliança é o fato de milhares de apoiadores já serem filiados a outros partidos políticos. Números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que 78% das negativas ocorreram porque o eleitor que preencheu a ficha já era filiado a outro partido. Até ontem, o TSE havia analisado mais de 22 mil apoiamentos, dos quais 7.298 foram considerados aptos e 15.032 inaptos. Há ainda 55.407 apoiamentos em prazo de análise. Para ser criada, a nova sigla precisa apresentar 492 mil assinaturas válidas, em no mínimo nove estados, até 4 de abril.

A dificuldade encontrada pelos membros do Aliança poderia ter sido superada por um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira, sobre as regras necessárias para a fundação de um partido. Os ministros, no entanto, mantiveram as mudanças promovidas pela reforma eleitoral de 2015, reafirmando que é necessário não ser vinculado a um partido para participar da criação de outro.

Entre os outros problemas apontados pelo TSE, estão 1.632 pessoas cadastradas em unidades federativas diferentes da informada no cadastro eleitoral, 720 fichas de apoiamento duplicadas e até sete documentos preenchidos por eleitores que já morreram. Em nota, a assessoria de Flávio Bolsonaro declarou que, dos sete casos listados como de eleitores falecidos, seis foram preenchidos com o número errado do título de eleitor ou outra falha técnica similar. No outro caso, diz o senador, o apoiador assinou a ficha no dia 26 de janeiro e morreu no dia 21 de fevereiro, um mês antes da homologação.