Título: Ato público pela paz
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 08/03/2005, Brasília, p. D3

No Dia Internacional da Mulher, mães, mulheres que tiveram seus filhos mortos de maneira violenta darão um grito uníssono pela paz. Será lançado oficialmente hoje, às 14h30, o Movimento Maria Cláudia pela Paz. Em ato público em frente ao Congresso Nacional, haverá apresentações artísticas e a entrega de um documento ao presidente do senado, Renan Calheiros, solicitando mudanças no Código Penal Brasileiro entre outras coisas. O movimento leva o nome da estudante Maria Cláudia Del'Isola, de 19 anos, assassinada dentro de casa por empregados da família, no dia 19 de dezembro do ano passado. - O movimento nasceu da mobilização de amigos e parentes perplexos com a barbárie ocorrida e preocupados com a violência que acomete nossa sociedade - explica Cristina Maria Del'Isola, mãe de Maria Cláudia.

Segundo o pai da estudante Marco Antônio Del'Isola, o movimento trabalhará com duas vertentes: a prevenção da violência e a construção de uma sociedade mais justa e a punição dos crimes cometidos e a luta pela impunidade.

- A morte da Maria Cláudia não pode ter sido em vão. Vamos usar a nossa dor para chamar a atenção da sociedade e prevenir novos crimes - explicou Cristina.

Acompanhados de mães e parentes de vítimas da violência, os pais de Maria Cláudia convocam a sociedade a vestir branco e comparecer ao ato público contra a violência.

- Esperamos a presença de todos nesse nosso grito de basta - pediu Cristina.

Um dos principais pedidos do documento que será entregue ao senador Renan Calheiros é a não revogação da lei dos crimes hediondos.

- Há uma corrente jurídica que quer tirar o homicídio qualificado da lista dos crimes hediondos. Dessa forma, o criminoso que comete crime hediondo não terá mais que cumprir 2/3 da pena na prisão sem direito a benefícios. A lei do crime hediondo é uma conquista do povo e não podemos deixar que seja revogada - explica Valéria Velasco, mãe de Marco Antônio Velasco, morto em 1993 por uma gangue da Asa Norte.

Valéria lembra que uma das causas da violência é a impunidade.

-A pessoa mata porque acha que não vai ser pega, ou mesmo que se for para a cadeia vai sair rapidamente - acredita.