Título: Presença obrigatória
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 06/03/2005, Economia & Negócios, p. A19

Funcionários fazem questão de participar e afirmam que treinamentos são valiosos

O maior navio brasileiro total mente construído em madeira exige um grande esforço dos executivos da Bayer CropScience no processo de içar as velas e pilotar o leme. Mesmo assim, a bordo do Tocorimé - embarcação construída em Santarém com madeiras nobres da Amazônia, tudo dentro de uma rigoroso processo de replantio - um dos tripulantes chama a atenção.

Sempre apoiado em muletas, o gerente comercial Odavir Rissi, de 52 anos, não cogitou, em momento algum, deixar de comparecer ao treinamento marcado pela empresa. Vítima de um grave acidente de carro há três meses, realizou uma complicada cirurgia no joelho apenas 20 dias antes da partida do Tocorimé em direção às ilhas Cagarras. As muletas, no entanto, não o impediram de ajudar sempre que possível, na organização dos mantimentos ou na distribuição da comida.

- Esse tipo de atividade é importante. Valoriza o espírito de integração, já que te permite conhecer melhor os colegas - diz o gaúcho, morador do Paraná desde os cinco e que trabalha atualmente em Cascavel.

Rissi reconhece que apenas no dia do evento ficou sabendo que se tratava de uma dia a bordo de um barco, mas afirma que, se soubesse, não desistiria do treinamento.

- Viria de qualquer jeito. Já participei de outros treinamentos nesse estilo e posso afirmar que você acaba utilizando os conhecimentos - garante.

Opinião parecida tem Eduardo Amorim, gerente regional do Recife. Para ele, o treinamento no barco, que divide as tarefas obrigatórias entre os funcionários, se assemelha a uma empresa compartimentada em que os diferentes departamentos são obrigados a interagir.

- Esse tipo de treinamento leva ao objetivo comum, sem ninguém puxar mais a brasa para o seu lado - diz.

Também veterano de outros eventos de integração entres os funcionários, Amorim lembra de histórias engraçadas de quando a tarefa designada foi a descida de um rio durante um rafting.

- Se alguém remava pro lado errado, o barco ficava dando voltas no próprio eixo e não saía do lugar. O treinamento outdoor é mais proveitoso que a sala de aula. Mas você tem que ter o espírito aberto para pôr o ensinamento em prática, ou então não adianta nada- ensina.