Correio Braziliense, n. 20710, 04/02/2020. Economia, p. 8

Balança: pior resultado desde 2015

Rafaela Gonçalves
Odail Figueiredo


 

Com uma forte queda nas exportações, a balança comercial registrou deficit de US$ 1,74 bilhão em janeiro deste ano, segundo o Ministério da Economia. A queda na cotação internacional de vários produtos e a redução nos embarques de alguns itens provocaram o pior resultado para o mês desde 2015. As exportações somaram US$ 14,43 bilhões, e as importações, US$ 16,175 bilhões. Em comparação ao mesmo período do passado, as exportações caíram 20,2%, enquanto as importações apresentaram recuo menor de 1,3%.

Apesar do receio de desaceleração da atividade econômica global por conta da epidemia do coronavírus na China, principal parceira comercial do Brasil, o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, disse que, até o momento, não houve impacto nas operações portuárias no país asiático pelo surto da doença. Ele admitiu, contudo, que o comércio pode ser prejudicado se a epidemia afetar mais fortemente a economia chinesa, com o fechamento de fábricas ou queda drástica na produção de bens.

“As operações portuárias são automatizadas. As companhias de seguro recomendam que as tripulações não desembarquem na China. A operação de grãos, por exemplo, é totalmente automatizada, não há contato entre humanos. Agora, na medida que houver algum efeito sobre a economia chinesa, assim como todos os países, o Brasil pode se afetado”, disse Brandão. Nesse cenário, ele avaliou que a exportação de alimentos seria menos afetada, ao passo que a venda de insumos industriais poderia sofrer maior impacto.

De acordo com os dados do governo, no acumulado de 12 meses, o saldo comercial ainda é positivo em US$ 43,21 bilhões, mas mostra queda de 25% sobre o período imediatamente anterior. As exportações apresentaram recuo em todas as categorias: manufaturados (-27,7%), semimanufaturados (-25,2%) e produtos básicos (-11,9%).

Nas importações, a queda foi por conta da aquisição de combustíveis e lubrificantes (-15,3%) e de bens intermediários (-3,4%). Entretanto, subiram as compras de bens de capital (+6,6%) e de bens de consumo ( 6,9%), refletindo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo Herlon Brandão, a retração das exportações está relacionada a diversos fatores, entre eles a menor venda de petróleo ao exterior, por conta da fraca demanda mundial. Também contribuíram para a queda o atraso no plantio e na colheita da soja; o ritmo mais lento da atividade internacional; a queda na exportação de milho e de celulose; e os efeitos da crise econômica na Argentina.

Além disso, em janeiro do ano passado, foi contabilizada a exportação de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 1,3 bilhão, que não se repetiu neste ano. O saldo também foi influenciado pela queda nas cotações internacionais e no volume das exportações de petróleo bruto, cujas vendas caíram US$ 592 milhões em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado.

US$ 1,74 bilhão

Deficit da balança comercial no primeiro mês de 2019