Correio Braziliense, n.20746, 11/03/2020. Política. p.3

...e Maia cobra o governo

Augusto Fernandes


O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), culpou a má relação do presidente Jair Bolsonaro com o Congresso pelo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, de 1,1%, o menor desde 2017. Além disso, o deputado cobrou do Executivo medidas para estimular a economia a curto prazo para minimizar os impactos da crise.

De acordo com Maia, por mais que o país conte com “uma economia que tem infraestrutura de péssima qualidade, um sistema tributário de péssima qualidade, que segura o crescimento”, a instabilidade política teve grande influência para o desempenho econômico do Brasil no ano passado, nem mesmo a aprovação da reforma da Previdência foi capaz de garantir um resultado mais expressivo.

“O Brasil, no ano passado, projetava um crescimento de 2,5%. Cresceu 1%. Quais foram as variáveis que influenciaram isso? Uma parte disso tem relação com o meio ambiente e com a falta de harmonia entre os Poderes”, afirmou Maia. “Os conflitos que nós tivemos no ano passado, as dúvidas do governo em relação ao parlamento, os conflitos que se mantêm, infelizmente, neste ano, é óbvio que esses conflitos, para quem vai investir a médio e longo prazos, geram insegurança e, certamente, tiveram parte de culpa na queda de projeção do investimento e no resultado final de crescimento.”

Maia pediu ao governo urgência na apresentação de medidas que aqueçam a economia, a começar pelas propostas de reforma tributária e administrativa. Ele espera, porém, que a equipe econômica não se atenha às duas matérias, pois “sozinhas (as reformas) não vão recompor e recuperar o crescimento da economia, que já vinha baixo antes mesmo do petróleo e do coronavírus”.

“Devemos cobrar que o governo venha a público e faça o que o presidente americano (Donald Trump) fez ontem (segunda-feira), dizendo que vai propor à sociedade uma agenda para estímulo da economia”, frisou. “Não há solução mágica e não é apenas no parlamento que estão as soluções para o enfrentamento da crise. O que a gente espera é que o governo possa organizar e comandar o encaminhamento das propostas que podem ajudar a diminuir os danos.”

Para Maia, não é recomendável, por enquanto, fazer modificações na Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos. Segundo ele, “num país com tanta pobreza, com tanta desigualdade, (o que precisamos fazer), é exatamente reorganizar as despesas públicas, é reduzir as despesas correntes”.