Título: Costa: morte de índios dentro do normal
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/03/2005, País, p. A5

Ministro da Saúde usa estatística para demonstrar que mortandade de crianças indígenas é a mesma dos anos anteriores

Folhapress

BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Humberto Costa, afirmou ontem que as mortes de crianças indígenas em Dourados (MS) estão dentro dos números normalmente registrados. Costa defendeu uma ação integrada entre a União, estados e municípios para lidar com questões ligadas aos índios. O ministro considera que a desnutrição dessas crianças também está ligada a problemas culturais e destacou as ações adotadas pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde) para tentar tentar resolver o problema.

- É claro que uma morte é sempre preocupante e não pode ocorrer. Isso não é justificativa ou explicação, mas não está se caracterizando uma mortandade maior do que nos anos anteriores - afirmou o ministro na reunião do Conselho Nacional de Saúde, em Brasília.

Segundo Humberto Costa, foram registradas seis mortes de crianças indígenas por desnutrição em Dourados neste ano. Outros dois óbitos não tinham relação com a doença. Sete crianças da cidade ainda estão internadas no Centro de Reabilitação Nutricional, junto com outras 31.

De 250 crianças classificadas como desnutridas pelo Programa de Vigilância Nutricional no Estado, 30% saíram da área de risco graças às ações integradas, de acordo com dados apresentados pelo presidente da Funasa, Valdi Camarcio.

O ministro Humberto Costa disse que, além da distribuição de alimentos, os técnicos estão ensinando os índios que moram nas aldeias em Dourados a cozinhar.

- Não adianta apenas ficarmos recebendo crianças desnutridas e tentando salvá-las. Precisamos ter respostas com ações integrais - disse ele, após a conselheira Zilda Arns pedir mais integração nos projetos do governo.

Coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, disse haver ''muito índio e pouca terra'' em Mato Grosso do Sul. A Pastoral da Criança fornecerá a multimistura (que ajuda a combater a desnutrição) para ser distribuída nas aldeias.

Segundo o ministro, questões culturais, perda da capacidade agrícola, alcoolismo entre os índios e até a rejeição das famílias para aceitar tratamento nos centros especializados estão entre os problemas a serem enfrentados.

Ontem foi enterrado Solivan Duarte, de um ano e três meses, que estava internado num hospital de Dourados. Segundo a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), esta é a sexta morte por desnutrição de criança indígena na região. O menino está numa cova ao lado da irmã, Sandela, de dois anos e seis meses, que morreu no fim do mês passado, mas não estava na lista das vítimas da subnutrição.