O Estado de S. Paulo, n. 46454, 24/12/2020. Política, p. A7

 

Crivella vai para prisão domiciliar, com tornozeleira

Caio Sartori

24/12/2020

 

 

O prefeito afastado do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), deixou ontem o presídio de Benfica, na zona norte da cidade, por volta das 19h20, e seguiu para prisão domiciliar após habeas corpus concedido no início da noite pelo ministro Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na saída, não falou com a imprensa.

Durante o dia, uma confusão no Tribunal de Justiça do Rio fez com que o alvará de transferência demorasse a ser expedido. Ao receber o comunicado sobre a decisão de ontem de Martins, que determinava a prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, o desembargador plantonista Joaquim Domingos de Almeida Neto entendeu que caberia à relatora do caso expedir o alvará.

Às 16h08, a desembargadora Rosa Helena Guita afirmou que, antes de mandar Crivella para a domiciliar, deveria ser cumprido um mandado de busca e apreensão na casa dele para que fossem retirados "os terminais de telefônicos fixos, computadores, tablets, laptops, aparelhos de telefone celular e smart TVS, de forma a dar fiel cumprimento à medida."

Também ordenou que as empresas de telefonia fixa e internet interrompessem os respectivos sinais. E, por fim, determinou que fosse colocada a tornozeleira eletrônica no prefeito afastado.

Com a demora no cumprimento de sua decisão, Martins ordenou que a transferência de Crivella fosse cumprida imediatamente – emitindo, no próprio STJ, o alvará. O prefeito afastado agora ficará custodiado em casa, num condomínio de luxo na zona oeste.

Crivella foi preso e afastado do cargo e denunciado anteontem pelo Ministério Público do Rio por chefiar o "QG da Propina', grupo que teria arrecadado pelo menos R$ 53 milhões em propinas em troca de favorecimentos a empresas com contratos com a prefeitura – conforme as investigações.

Ele estava a nove dias de completar o mandato. No momento de sua prisão, Crivella negou anteontem participação em irregularidades, e disse ser alvo de "perseguição política".