Correio braziliense, n. 20896, 09/08/2020. Brasil, p. 4/5

 

Travessia dos inocentes

Simone Kafruni

Renato Souza

09/08/2020

 

 

Diz a Constituição Federal que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida, e que, para isso, cabe ao poder público proteger a fauna e a flora, “vedadas as práticas que provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade”. No entanto, no Brasil, 475 milhões de bichos silvestres morrem por ano nas estradas brasileiras. Isso é mais do que o dobro da população de brasileiros. São 17 mortes por segundo, 1,3 milhão por dia, como se os habitantes da cidade de Goiânia desaparecessem todos os dias.

Além de colocar em risco a existência de algumas espécies, os acidentes causados pelos atropelamentos são responsáveis por ferimentos graves e vítimas fatais entre motoristas e passageiros. Os custos, altos para a economia e muito maiores para a biodiversidade, podem ser evitados com a implementação de corredores ecológicos e passagens de fauna, redução de velocidade e a devida sinalização nas rodovias. Embora obrigadas por lei, tais medidas de mitigação nem sempre são cumpridas.

Com a pandemia do novo coronavírus, a presença da fauna em ruas e rodovias do mundo inteiro intensificou-se, inclusive, em áreas urbanas, como consequência do isolamento social e da menor quantidade de veículos em circulação. A redução no tráfego pode ter se refletido em menos acidentes, mas aumentou consideravelmente o risco, porque os bichos estão saindo mais das tocas e fazendo travessias nas estradas.

De acordo com o Observatório de Imprensa Avistamentos e Ataques de Onças (OIAA Onça) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), cerca de 90 onças são atropeladas por ano no Brasil. Na pandemia, a média, que era de 7,5 animais por mês, subiu. Em março, foram nove atropelamentos do maior felino das Américas, ameaçado de extinção. O professor da Ufam Rogério Fonseca, doutor em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre e integrante do OIIA Onça, diz que, durante a pandemia, os grandes felinos saem mais das florestas e, no meio do caminho, deparam-se com estradas que não foram projetadas para garantir a proteção à fauna.

A situação é pior nos estados do Sudeste, onde estão 27% das rodovias brasileiras — a região concentra, em média, 40% dos atropelamentos de onças. O professor destaca que o risco é maior à noite, quando os animais circulam mais. “A principal medida de redução de atropelamento é o planejamento para viajar durante o dia”, ressalta.

Atropelômetro

O atropelômetro do Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) aponta que, em 2020, já morreram 284,8 milhões de animais silvestres de 450 espécies nas estradas brasileiras. O coordenador do CBEE, Alex Bager, diz que a maioria dos atropelamentos é de aves. Em segundo lugar, estão os mamíferos, cujas mortes geram mais comoção entre os seres humanos, com 22% (veja mais no quadro). “O número é assustador. Trabalho há 10 anos com isso e não tinha ideia da magnitude, porque fazia monitoramento de 100 quilômetros (km), sem extrapolar para toda a malha viária brasileira. No entanto, entre agosto de 2018 e junho de 2019, decidi fazer minha tese de doutorado numa expedição por 30 mil km de rodovias pelo Brasil. Visitei mais de 100 unidades de conservação, monitorando os atropelamentos”, conta Bager.

A estimativa de 475 milhões de mortes de animais silvestres por ano é do CBEE, a partir dos estudos de Bager. O dado não inclui bichos domésticos, portanto, o número pode ser ainda maior. Para garantir o monitoramento, o especialista criou o Sistema Urubu, no qual as pessoas que encontram animais atropelados colaboram com os registros, enviando fotos e coordenadas. No sistema, o aplicativo U-Safe modela as áreas mais críticas e avisa os motoristas quando aproximam-se de regiões onde o risco é maior. “É uma forma de salvar a vida dos animais e das pessoas, porque o choque entre eles pode causar a morte de ambos”, alerta.

Especializada no manejo em empreendimentos de transporte, a bióloga e pesquisadora de atropelamento de animais da Via Fauna, Fernanda Abra, ressalta a importância de medidas para mitigar as colisões, conservar a biodiversidade, reduzir a morte dos animais e assegurar segurança humana. “O Brasil é o país com mais biodiversidade e tem a quarta maior malha rodoviária. Precisa mudar a forma como planeja, instala e opera suas rodovias. Todos os acidentes geram custos econômicos para os administradores rodoviários”, destaca.

Fernanda documentou e explorou os efeitos dos acidentes rodoviários envolvendo animais na segurança humana em São Paulo. “Estimamos que a média de custos desses acidentes para a sociedade, entre 2003 e 2014, foi de R$ 56 milhões por ano, R$ 21,6 mil por acidente. A polícia rodoviária registrou, no período, média de 2.611 acidentes envolvendo animais por ano (3,3% do total), dos quais 18,5% acidentes resultaram em vítimas com ferimentos ou fatais”, explica.

Com base em relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernanda considerou os custos em cima de equipes deslocadas para remoção do animal, de cargas eventualmente tombadas na pistas, guinchos, cuidados hospitalares das vítimas. “Quem paga, no final, somos todos nós, por meio de impostos”, diz.

Soluções

Passagens de fauna podem reduzir as colisões em 86% dos casos, assegura a especialista. Ela assinala que os licenciamentos ambientais concedidos às concessionárias preveem medidas que nem sempre são cumpridas.

“Existem casos e casos. A maioria, infelizmente, adota medidas forçada por ações ajuizadas pelo Ministério Público Federal”, lamenta. “O Brasil inteiro sofre com isso, mas o Centro-Oeste é recorde: em Goiás, na Chapada dos Veadeiros, e no Pantanal”, aponta, e cita como mau exemplo o Mato Grosso do Sul. “Aquele estado tem uma beleza de fauna incrível e é um terror dirigir naquelas estradas. O MPF e o Ministério Público Estadual estão tomando a frente”, destaca Fernanda Abra.

O problema só será resolvido, garante a bióloga, quando a abordagem for multidisciplinar. “Temos que envolver profissionais de todas as áreas, ecólogos, arquitetos, engenheiros, para definir quais materiais e alternativas mais viáveis. Eu pesquiso isso há mais de 10 anos e vejo bizarrices. Uma placa de sinalização, por exemplo, reduz o atropelamento entre 0 e 3%”, observa.

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Risco do inesperado é ainda maior

09/08/2020

 

 

Os motoristas profissionais são treinados para desviar de alvos fixos, de carros em movimento e de ultrapassagens perigosas, mas o surgimento inesperado de animais na pista torna o atropelamento quase inevitável. E as consequências, dependendo do tamanho do bicho, podem ser fatais. A possibilidade de o animal rolar por cima do carro coloca em risco todos os ocupantes do veículo, alerta o coordenador de desenvolvimento profissional do Sest/Senat do Paraná, Alfredo Lepri.

O fato é facilmente percebido durante as simulações realizadas para motoristas com carteira categorias D e E, habilitados para pilotar ônibus, carretas e veículos articulados. “No simulador, que visa direcionar o motorista para a direção defensiva, nós colocamos situações imprevistas. São condições adversas de visibilidade e tráfego, inclusive, o surgimento de animais na pista”, conta. Para os perigos mais conhecidos, como objetos fixos, chuva, pedestres ou outros carros em manobras perigosas, os alunos mostram estar com reflexo alerta”, explica.

Contudo, a surpresa de um animal na pista quase sempre provoca acidente no simulador, revela o especialista. “O próprio bicho não tem a reação correta. É a mais inesperada possível. Os condutores sofrem acidente, desviam com tanta violência que alguns só não caem da poltrona porque estão de cinto, já que o simulador é bem realista, inclusive, nos impactos e capotagens”, ressalta. Segundo as pesquisas do Sest/Senat, 99% dos alunos passam pelo equipamento com a sensação de que o fato realmente aconteceu.

Para evitar as colisões, o coordenador de desenvolvimento profissional orienta dirigir no melhor horário, evitar a noite, trafegar sempre dentro do limite de velocidade e usar os recursos do veículo para não sair do estado de alerta. “Trabalhamos para saber o que deveria ter sido feito para que o acidente não ocorresse. Mas, nas simulações, a maioria acaba atropelando o animal”, revela.

Profissionais

Os motoristas profissionais, que atravessam o país no transporte de cargas, lamentam a falta de condições das rodovias para evitar os atropelamentos. Conforme Marcos Teixeira, diretor da Costa Teixeira Logística, parceira da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), a infraestrutura brasileira é, de uma maneira geral, precária. “Vemos pouco investimento em corredores ecológicos. Milhões de animais selvagens são atropelados no Brasil todo ano e pouco se faz para evitar ou reduzir esses números”, afirma.

Além da falta de infraestrutura, Teixeira cita o excesso de velocidade e a falta de políticas públicas e de conhecimento dos condutores para o agravamento desse cenário. “Temos muitos relatos de acidentes, sobretudo os de maior gravidade, geralmente com animais de maior porte, que acabam danificando o veículo. Os menores nem são relatados, porque caminhões nem sentem o choque”, ressalta. (SK e RS)

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Imprudência gera perdas em dobro 

09/08/2020

 

 

Todos os meses, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registra casos de pessoas feridas ou que foram a óbito após se envolverem em acidentes envolvendo animais nas rodovias do país. Dados levantados pela corporação, a pedido do Correio, revelam que, no ano passado, 94 pessoas morreram em ocorrências dessa natureza no país. O número de feridos também impressiona. De acordo com o levantamento, 1.269 pessoas precisaram de atendimento médico ou foram hospitalizadas nos 12 meses de 2019, após se envolverem em atropelamentos próximos das áreas de vegetação.

Neste ano, o número de casos apresentou leve baixa no primeiro semestre, em razão da redução de circulação por conta do isolamento social. No entanto, o número de registros continua elevado. Nos primeiros sete meses de 2020, foram registrados 684 acidentes envolvendo animais, que resultaram em 41 mortes e 687 pessoas feridas. No mesmo período do ano passado, foram 59 óbitos e 723 feridos. A maioria dos casos ocorre por conta do excesso de velocidade, falta de atenção à sinalização, que indica quando existe o risco da presença de animais na pista, ou até mesmo pela ausência de indicativos de que se trata de uma área com grande circulação da vida selvagem.

Perigos

Atualmente, no Brasil, apenas 12% das estradas estão pavimentadas, o que representa outro perigo. Nestes locais, os animais circulam com maior facilidade na via, que, muitas vezes, fica próxima das matas e permite acesso fácil. A ausência de iluminação nas estradas também é outro fator de risco. Nestes casos, a luz do veículo ofusca ainda mais a visão do animal, que, desorientado, encontra-se mais vulnerável para acidentes. A instalação de passagens subterrâneas e aéreas de fauna é a solução encontrada por muitos países que priorizam a preservação do meio ambiente. No Brasil, iniciativas do tipo ainda são modestas.

No Distrito Federal, a Estação Ecológica de Águas Emendadas recebeu dois corredores, com passagem de fauna na altura da BR-020. No mesmo dia em que os túneis foram instalados, já foi registrada a passagem de animais, como veados campestres. Para que não ocorra problemas, uma tela de proteção é instalada nas imediações, fazendo com que os animais se direcionem às regiões de travessia mais segura. No entanto, as telas têm sido alvo de vandalismo e de ações criminosas. (RS e SK)

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Medidas certas reduzem acidente em quase 40%

Simone Kafruni

Renato Souza

09/08/2020

 

 

Entre as medidas com potencial de reduzir em quase 40% as ocorrências de acidentes envolvendo animais na pista estão corredores ecológicos, passagens de fauna e sinalização adequada. Dentro dos processos de licenciamento são definidas algumas providências, nem sempre cumpridas e alvo de ações judiciais. Porém, os exemplos positivos, embora minoria, existem e algumas concessionárias de rodovias brasileiras vão muito além do que é exigido por lei.

Na Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart), que tem 444km de corredor principal no estado de São Paulo, várias ações são desenvolvidas e muitas já deram resultados significativos, explica a coordenadora de meio ambiente da empresa, Thaís Pagotto. Na região, vivem espécies como jaguatirica, onça-parda, mão-pelada, cervo-do-pantanal, capivara e anta. “Nós fizemos 150 pontos de travessia e 93km têm telamento que conduz os animais a passarem pelas passagens subterrâneas. Isso tem sido um sucesso. Entre 2018 e 2019, as medidas trouxeram redução de 38% nas ocorrência com animais silvestres. Especificamente no município de Caiuá, a queda foi de 54%”, conta.

Em 2019, foi possível observar 10.539 registros de animais silvestres utilizando as passagens. Durante a pandemia do novo coronavírus, lembra Thaís, por conta da redução do número de veículos, os animais estão mais à vontade para se deslocar. “Dados da concessionária mostram que a presença de animais nas passagens de fauna também aumentou. Na região de Presidente Prudente, nos meses de janeiro até a primeira quinzena de abril deste ano, foram registradas 4.118 passagens, o que representa 30% de aumento em relação ao mesmo período do ano anterior”, ressalta.

Monitoramento

As ações incluem monitoramento constante e conscientização dos motoristas e das comunidades com foco na prevenção de acidentes. “Monitorar permite ações pontuais. Recentemente, instalamos cerquetes em uma área onde havia incidência de travessia de capivaras.”  Além disso, a concessionária incentiva a pesquisa científica, ao instalar, em parceria com o Zoológico Municipal de Bauru, a primeira câmara fria do país para o armazenamento de material biológico de animais mortos. “Quando o animal é ferido, levamos para centros especializados. Quando, infelizmente, ocorre o óbito, a câmara fria permite estudos, evitando capturas”, diz Thaís.

O local serve de banco para a pesquisa de exemplares da fauna silvestre, para análises genéticas mais detalhadas e estudos sobre hábitos alimentare sem interferência no ambiente natural, sem interferência no ambiente natural.

A Rodovia do Sol (RodoSOL), concessionária da ES-060, no trecho entre Vitória e Guarapari, no Espírito Santo, também adotou medidas além das obrigatórias por lei. A estrada é considerada ecológica por ter sido concebida e projetada de forma a causar o menor impacto possível ao meio ambiente. “A preocupação com a preservação da natureza, da vida animal é, ao mesmo tempo, a prevenção de acidentes gerados pela eventual presença de animais na pista”, diz o diretor-presidente da concessionária, Geraldo Dadalto.

A rodovia tem sete sistemas de passagens de fauna ao longo dos 67km de extensão. “Essas estruturas agem como uma eficiente medida mitigatória, que visa reduzir o atropelamento de fauna e garantir a segurança dos motoristas. Nas entradas, em pontos estratégicos, próximos às áreas de mata, habitat natural de diversas espécies, a empresa instalou caixas de pegadas que registram travessia do animal pelo local”, explica a bióloga Franciane Almeida, que atua no programa ambiental da empresa.

Vidas salvas

Os faunodutos têm dimensões distintas e são acompanhados de estruturas complementares como telas de direcionamento que “induzem” o animal a utilizar o túnel como um caminho seguro para atravessar a rodovia. As passagens são vistoriadas periodicamente a fim de registrar as travessias e, também, gerar dados para os relatórios anuais. De novembro de 2003 a dezembro 2019, foram registradas 13.215 travessias de animais silvestres.

Entre as espécies que mais circulam pela Rodovia do Sol e utilizam os faunodutos estão os guaxinim mão-pelada, com 2.814 travessias, iraras (fuinha), com 1.896 registros, gambás (1.637), lagartos teiú (1.444) e cachorros-do-mato (879). Além desses, mais comuns, não são raras as presenças de animais como paca, capivara, tatu, cuícas, tamanduá-mirim e lontras.

“É fundamental dirigir com atenção, respeitando os limites de velocidade. Também é importante não alimentar animais silvestres como forma de evitar o desequilíbrio ecológico e levá-los a buscar alimentação fora do seu habitat, gerando risco para a própria sobrevivência do bicho”, diz Franciane. Além dos faunodutos, o programa incluiu a criação de passagem aérea para os animais terem mais uma opção de travessia.

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Campeão mundial em atropelamento de animais

09/08/2020

 

 

O Brasil é o campeão mundial em atropelamento, diz o deputado Ricardo Izar (PP-SP), autor do Projeto de Lei nº 466/2015, que cria políticas mitigatórias para acidentes da fauna em rodovias. “O número é assustador, parece exagero. Por isso, precisamos de uma lei específica”, explica. Porém, segundo o parlamentar, houve um erro básico na estratégia de aprovação do PL. “Pedimos urgência, daí ele deixou de ser terminativo nas comissões e ficou terminativo no plenário. Não imaginava que passaria tão rapidamente pelas comissões. Foi aprovado por unanimidade em todas”, ressalta.

A pandemia, no entanto, colocou o 466/2015 no compasso de espera. “Infelizmente, porque com a pandemia também estão aumentando os atropelamentos. Os animais estão saindo mais da toca”, comenta. Além de criar políticas mitigatórias, o PL propõe o desenvolvimento de um sistema integrado e informatizado de coleta de informações. “Precisamos saber quais são os pontos críticos de atropelamento para saber quais são as políticas mais efetivas: placas, passagens de fauna, sonorizadores, lombadas”, enumera.

“A gente quer, no projeto, que a compensação ambiental das concessionárias possa ser usada dessa forma.” Para o deputado, por conta da pandemia e da estratégia errada na tramitação, o PL só deve ser votado no ano que vem. “O requerimento de urgência já foi aprovado, só falta o mérito. Mas, o PL é consenso na Casa inteira, acrescenta.”

Programas do governo

Responsável pelas rodovias do país, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) desenvolve programas para evitar acidentes com animais nas estradas em todo país em empreendimentos que ainda estão em fase de obras, conforme determinam as respectivas Licenças de Instalação (LI). Atualmente, são cerca de 20 empreendimentos monitorados, que, em extensão, somam quase 6 mil km de rodovias.

No levantamento atual, o órgão informou que cerca de 200 pessoas estão mobilizadas nesse tipo de ação. “Se considerarmos os investimentos realizados com monitoramento de fauna, no período de 2010 a julho de 2020, temos um montante investido na preservação da fauna no entorno das rodovias federais de aproximadamente R$ 70 milhões”, explica o DNIT. “Esses números são aproximados, pois existem empreendimentos que são monitorados por meio de termos de cooperação com universidades federais”, ressalta.

Segundo o órgão, existem investimentos realizados na fase de estudos para a obtenção das licenças de instalação dos empreendimentos. “Desde a fase de licença prévia, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) solicita a realização de estudos para a caracterização da fauna, bem como no caso de empreendimentos de duplicação, costumam ser solicitadas campanhas de monitoramento de atropelamento de fauna”.

Uma área específica do departamento tem cuidado do assunto. A Coordenação-Geral de Meio Ambiente é responsável por desenvolver, implantar e coordenar o sistema de gestão ambiental rodoviário, ferroviário e aquaviário do Plano Nacional de Viação de Transportes. “Dessa forma, a autarquia segue os procedimentos exigidos pela legislação ambiental e busca o desenvolvimento nacional, conciliando a infraestrutura logística com a responsabilidade socioambiental”, informa.

Durante a elaboração dos projetos de infraestrutura, são realizados levantamentos e monitoramentos para identificar quantos e quais animais vivem nas regiões onde os empreendimentos serão implantados. “Equipes de biólogos e veterinários acompanham as frentes de obra para afastar os animais silvestres do local, remover os que podem não ter se retirado e resgatar os eventualmente feridos para tratamento e correta destinação. Para reduzir os atropelamentos de animais, o DNIT identifica os pontos críticos e instala sinalização, redutores de velocidade e passagens de fauna, que, além de prevenir a morte direta dos animais, colaboram para manutenção da conectividade dos habitats.” (SK e RS)