Título: Ataque aéreo mata dezenas na Síria
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Fonte: Correio Braziliense, 24/12/2012, Mundo, p. 12

Um ataque aéreo matou pelo menos 90 pessoas, segundo a rede Al-Jazeera, em Halfaya, na província de Hama, região central da Síria, segundo informações do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e outros militantes opositores do regime de Bashar al-Assad. O alvo, segundo os ativistas, teria sido uma padaria próxima ao local atingido pelo bombardeio. Membros da organização creditam o ataque às forças do governo. O ataque aconteceu no dia em que o emissário da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, entrou no país, via Líbano, para uma visita suspresa. O diplomata deve tentar, mais uma vez, construir um acordo efetivo para o início da pacificação do país que, enfrenta uma revolta armada, desde março de 2011, que já custou a vida de mais de 44 mil pessoas.

As vítimas do ataque em Halfaya estavam à espera de pão, segundo o OSDH. Militantes dos Comitês de Coordenação Locais (CCL), que também se opõem a al-Assad, disseram que o massacre "cometido pelas forças do regime causou dezenas de mortes, incluindo mulheres e crianças, e dezenas de feridos, após bombas serem direcionadas à padaria da cidade".

Membros dos CCL explicaram que Halfaya enfrenta uma verdadeira crise humanitária, com falta de pão, provocada pelos ataques das tropas do governo, e que dezenas de pessoas se reuniam em frente à padaria no momento do bombardeio, depois de vários dias sem o alimento. Denúncias de ataques a locais de distribuição de alimentos são comuns no conflito sírio. Em 30 de agosto, a organização Human Rights Watch acusou as tropas do regime de lançarem bombas em pelo menos 10 padarias, num período de três semanas, em Aleppo, no norte do país.

A questão da segurança na Síria é uma das prioridades da ONU e da Liga Árabe. As visitas do emissário das duas instituições Lakhdar Brahimi têm sido frequentes ao país. Neste domingo, ele entrou anônimo pela fronteira com o Líbano. Segundo a agência de notícias France-Presse, o ministro sírio concedeu entrevista coletiva em que negou saber da presença de Brahimi em território nacional. Em sua última visita, de 19 ao 24 de outubro, o emissário negociou um cessar-fogo para a festa muçulmana do Eid al-Adha no final de outubro. A trégua nunca foi respeitada.