Título: Adiada votação do relatório
Autor: Almeida, Amanda
Fonte: Correio Braziliense, 03/12/2012, Política, p. 3

Sem acordo entre os líderes partidários, a votação do relatório da CPI do Cachoeira foi adiada em uma semana. Marcada inicialmente para hoje, a análise do texto ficou para a terça-feira da semana que vem. Enquanto o grupo de parlamentares chamado de independente cobra do relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), a inclusão de informações mais contundentes a respeito de 21 empresas que receberam dinheiro da empreiteira Delta, uma ala do PMDB se articula para derrubar o texto, blindando o dono da Delta, Fernando Cavendish, e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Sob pressão, Cunha esticará a corda numa tentativa de garantir a aprovação de seu relatório.

O relator passou os últimos dias conversando com parlamentares de diferentes partidos. Em busca de um consenso, Cunha já decidiu alterar dois pontos do relatório. Ele desistiu da recomendação ao Conselho Nacional do Ministério Público para investigar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e retirou o nome de cinco jornalistas do texto. Para os independentes, no entanto, falta ainda a inclusão de informações mais detalhadas sobre 21 empresas ligadas à Delta que não tiveram o sigilo quebrado pela CPI. "Queremos aprovar o texto, mas ele deve acrescentar esses dados", diz o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP).

Cunha lida ainda com outra dificuldade para aprovar seu texto. Nos bastidores, um grupo de peemedebistas pressiona colegas pela derrubada do documento numa tentativa de evitar o pedido de indiciamento de Cavendish. Ontem, eles tentavam consolidar um discurso de rejeição ao texto do relator com tucanos, já que o PSDB tem interesse de blindar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que também tem pedido de indiciamento no relatório. Pesou ainda para o adiamento da votação a presença hoje do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, no Congresso, para falar sobre a Operação Porto Seguro.

Desgaste Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), não há mudança no texto de Cunha que o torne "aprovável". "Aquele relatório é imutável", disse. Já o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) defende a sua aprovação. "Por mim, a votação seria hoje", afirmou. Os parlamentares têm até 22 de dezembro, data de encerramento da comissão, para votar o relatório.

Caso o texto seja rejeitado, um novo relator é nomeado para fazer o texto final. Se isso ocorrer, com o pouco prazo para o novato terminar o documento, parlamentares avaliam que desgastaria ainda mais a imagem do Congresso em relação ao trabalho da CPI.

"Queremos aprovar o texto, mas ele deve acrescentar esses dados" Randolfe Rodrigues (PSol-AP), senador

22 de dezembro Data-limite para o encerramento dos trabalhos da CPI do Cachoeira