O Estado de São Paulo, n.46171, 16/03/2020. Política, p.A7

 

Bebianno fala em ‘teoria do ódio’ em carta

16/03/2020

 

 

Um dias após a morte do ex-ministro Gustavo Bebianno, o presidente do diretório fluminense do PSDB, Paulo Marinho, divulgou a carta que o advogado escreveu para o presidente Jair Bolsonaro. A correspondência foi entregue ao ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania), ao general Maynard Santa Rosa e ao ator Carlos Vereza para que dessem a Bolsonaro. Onyx confirmou ao advogado que o presidente lera o texto.

Bebianno chama Bolsonaro de “meu capitão” e inicia o texto citando o trecho bíblico “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Diz que Bolsonaro sabe o quanto ele se dedicou por sua eleição e que o presidente não chegaria ao cargo sem seu trabalho. “Trabalho que só deu certo porque fiz, acima de tudo, com AMOR – amor que intensamente desenvolvi por você. Amor hétero, como costumávamos brincar”, escreveu o advogado.

Na carta, Bebianno diz que o presidente, para manter o vínculo afetivo com o filho considerado mais radical, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), “embarca nessas fantasias, nessas paranoias, nas eternas teorias de conspiração”. O ex-ministro afirma que Bolsonaro é “obsediado pelo próprio filho.”

Como Bebianno revelou ao Estado, na terça, ele menciona na carta que Carlos se nutre de ódio. Demitido com apenas 49 dias de governo por atritos com o vereador, Bebianno escreveu que nunca traíra o presidente. “Fique com Deus e um beijo no seu coração (hétero). O senhor continuará a ser o meu Mito”, despediu-se Bebianno. /  J.S.