O globo, n.31634, 17/03/2019. Economia, p. 24

 

Azul, Latam e Gol cortam voos no Brasil e no exterior

Leo Branco

17/03/2020

 

 

Com a procura por passagens aéreas em queda livre e o fechamento do espaço aéreo de vários países por causa da pandemia de coronavírus, Azul, Gol e Latam decidiram, ontem, reduzir a oferta de voos e cortar despesas para enfrentar a crise na aviação comercial mundo afora.

A Azul vai reduzir a oferta de assentos em até 25% em março e até 50% em abril. A partir de hoje, todos os voos internacionais da companhia estão suspensos, exceto os que têm origem no aeroporto de Viracopos, principal centro de distribuição de voos da empresa.

A Latam divulgou que reduzirá suas operações em até 70%. Na malha internacional, a suspensão deve afetar 90% dos voos. Na Gol, a redução será de aproximadamente 60% a 70% até meados de junho. Nos voos domésticos, o corte será de até 60%. Nos internacionais, até 95%.

À ESPERA DE AUXÍLIO

Gole Latam não informaram os voos afetados pelas medidas. A Azul comunicou que entre 21 de março e 30 de junho estão suspensos os voos a Baril oche, na Argentina. Entre23 de março e 30 de junho a empresa deixará de operar nas cidades brasileiras de Lages (SC), Pato Branco (PR), Toledo (PR), Ponta Grossa (PR), Guarapuava (PR), Araxá (MG), Valença (BA), Feira de Santana (BA), Paulo Afonso (BA) e Parnaíba (PI).

Além dos cancelamentos de voos, a Azul anunciou medidas de corte de custos fixos, responsáveis por 40% das despesas da empresa.

Para reduzi-los, a Azul pretende cortar em 25% o salário de membros do comitê executivo da empresa, postergar o pagamento do bônus por resultados aos funcionários e dar licenças não remuneradas a até 600 empregados.

O programa de ampliação da frota — em janeiro, a Azul anunciou a intenção de agregar 75 jatos Embraer 195 nos próximos meses — está suspenso. A Azul anunciou um programa de licença não remunerada com 600 pedidos aprovados até o momento, além de redução de salário de 25% dos membros do comitê executivo até a normalização da situação, suspensão de contratações e de viagens a trabalho e despesas discricionárias.

Na semana passada, o Ministério da Infraestrutura anunciou que estudava um pacote de medidas para socorrer empresas aéreas, um dos segmentos mais afetados pela crise econômica decorrente do avanço da Covid-19. Medidas incluem desoneração da folha de pagamento e permissão para trocar reembolso por crédito de viagem.

NOS EUA, PEDIDO DE US$ 50 BI

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) pediu semana passada que os governos “respondam rapidamente à fragilidade financeira” das empresas.

As companhias aéreas americanas buscam socorro do governo de Donald Trump de mais de US$ 50 bilhões. A Airlines for America, grupo que representa American Airlines, United Airlines, Delta Air Lines, Southwest Airlines e outras, disse que o setor precisa de US$ 25 bilhões em dotações e US$ 25 bilhões em empréstimos e benefícios fiscais significativos para sobreviver.